Causos do Cabete

(Bruno Cabete) #1
CausosdoCabete | 26

vaca admirando a plumagem vermelha, os olhos azuis e a crista de
vermelho vivo.
No dia seguinte o Porquinho nem foi cedo para a loja. Soltou o
galo no terreiro e ficou observando. O Índio pegou uma galinha,
pegou a segunda e antes de terminar o serviço caiu mortinho da
silva com a língua escapando para um dos lados do bico.
O Porquinho soltou uma meia dúzia daqueles palavrões que não
dá se escrever, juntou o galo pelo pescoço e foi ver o seu Mané
que levou o maior susto com aquele galo caindo a seus pés e com
a gritaria do Porquinho.



  • Carma, seu Porquinho! A gente arresorve! - gaguejou o seu
    Mané e lá se foi galinheiro adentro com outra caneca de milho.

  • Vamos experimentar este aqui. Não é tão vistoso quanto o
    Índio mas tenho visto ele trabalhar bastante as galinhas.
    Lá se foi o Porquinho com o novo galo, todo preto e com uma
    estranha crista amarelada. Prendeu-o debaixo de um balaio para sol-
    tar na manhã seguinte.
    Logo cedo, o galo preto é solto. Parte todo empinado e traça
    a primeira galinha de pé. A segunda perde sua virgindade
    encostada na cerca do galinheiro. Parte para a terceira sem
    muita pressa e após a quarta cai morto no meio do terrei-
    ro com um monte de galinha à sua volta.
    O Porquinho chega distribuindo pontapés e joga galinha
    pra tudo quanto é lado. É uma verdadeira chuva de penas.
    Agarra o galo preto e sai rodando ele em direção a sítio do seu Mané.
    De longe Seu Mané já escuta o xingatório e corre a pegar outro galo.

  • Seu Porquinho, vai logo dizendo, este é o ultimo que tenho. É
    baixinho, cabeçudo, tem a cabeça chata e quase não tem pescoço.
    Seu nome é Severino. O Porquinho olha desolado o galo corcun-
    da, com olheiras, sem crista e pensa alto: – Era só o que me fal-
    tava. Um galo cearense!
    Pega o galo pelas pernas e vai arrastando, com a cabeça batendo
    no chão e o pequeno pescoço pelado espetando nos espi-
    nhos dos juás. Chegando no sítio resolve fazer o tes-
    te na hora. Solta o Severino no terreiro. Todas as
    galinhas param de comer e levantam as cabeças,

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