O caipira e a astronomia | 31
O caipira e a astronomia
Nosso caipira observa o céu e conhece muito pouco sobre ele.
Às vezes acredita que São Jorge vive na lua matando o dragão.
Minha avó presenciou pela TV a ida do homem à lua e até a sua
morte, anos depois, não acreditava que aquilo realmente ocorreu.
Dizia que era mais um truque do cinema americano.
Em 1975 fui estudar engenharia mecânica em Guaratinguetá,
terra do presidente Rodrigues Alves. Morávamos em nove ami-
gos, em uma república estudantil, que formamos à beira do rio
Paraíba, bem próximo à ponte metálica ou ponte velha. Meu mai-
or amigo desta época é de Cruzeiro, estava mais adiantado na fa-
culdade e seu pai tinha uma fazenda no município de Guaratinguetá,
que visitávamos com freqüência para noitadas regadas a vinho,
queijo fresco, violão e muitos causos contados e ouvidos.
Certa ocasião o Guto, este meu amigo, foi fazer um curso de
astronomia no planetário, em São Paulo. Viajava todo final de se-
mana para as aulas, aprendeu sobre as constelações e também como
fazer um telescópio. Não precisa dizer que, durante muito tempo,
o assunto foi estrelas, planetas, galáxias e tudo o que era relaciona-
do com o céu. Por muito tempo demos boas risadas do Guto
quando ele teimava em nos fazer acreditar que um de seus profes-
sores de astronomia era cego. Muitos anos depois, já residindo em
São Paulo, vim a descobrir que o tal professor cego realmente
existia!
Curso feito, telescópio construído, lá fomos nós no Jeep 54 do
Guto para a fazenda, pois lá não haveria tanta iluminação a atrapa-
lhar a observação dos astros. À noite, telescópio a postos, céu ma-