CausosdoCabete | 86
ras e fedidas sinfonias de gases começou junto com o gosto pelas
balas de coco. Não havia nada igual para, depois de um aniversário
de criança, incentivar uma divertidíssima disputa de quem soltava
o mais alto, quem soltava o mais fedido, quem soltava o maior
número em menor tempo e o prêmio máximo era daquele que
conseguisse imitar alguma seqüência de notas musicais.
O Renato conseguia, após uma estranha ginástica que envolvia
coices ao ar e tapas na barriga, imitar com perfeição uma longa
seqüência de uma marchinha tocada pela banda do Seu Alcindo.
Ele imitava o som da tuba. Já na adolescência ele queimou vários
pijamas e cuecas fazendo um show de “Homem Dragão” para os
amigos. Pena que este número não tenha aceitação na televisão
pois é simplesmente fantástico. Quando íamos com vários primos
e irmãos passar as férias no casarão do sítio chegamos a segurá-lo
em difícil posição sobre o fogão a lenha para conseguir acender o
fogo com madeira úmida. Muitos amigos passaram pelo terrível vexa-
me de “carimbar a cueca” tentando imitá-lo. Sempre foi insuperável.
O tempo passou e ao completar dezoito anos e tirar carteira de
motorista fomos fazer nosso primeiro passeio ao litoral. Carro
abarrotado de panelas, barracas e toda tralha de camping, mais
cinco malucos: fomos acampar em Bertioga. A praia quase deser-
ta logo nos incomodou e fomos dar um passeio em Santos. A
caipirinha de pinga vagabunda mais os camarões fritos super gor-
durosos logo fizeram efeito no intestino sempre solto do primo.
Caipira apertado na praia logo pensa no “marzão besta” à sua
frente e assim foi que ele entrou no mar até o pescoço, abaixou
seu calção e aliviou sua aflição. Assim que o “submarino amarelo”
saiu da garagem começou a levantar a proa e quase a 90 graus
subiu esfregando a popa pela sunga do Renato até saltar fora d’água
na altura de sua nuca deixando em suas costas uma faixa amarela e
fedida que lhe valeu o apelido de gambá por muitos anos.
Entramos na faculdade e o primo Ventania foi estudar em Bauru
onde enamorou-se e acabou tendo que se casar, não que não qui-
sesse casar, mas ficava muito preocupado com seus terríveis e so-
noros gases. Caipira sem-vergonha não tem jeito. Solta um peque-
nininho hoje para testar a mulher, um pouco maior amanhã e até
o final da semana já está soltando até na mesa de jantar e sob as