® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

Oliveira explorou o potencial da internet logo cedo. Ainda em 2007, contratou João
Alves da Silva Junior, que então dava aulas de informática e webdesign no Senac, em
Goiânia. Silva Junior, dono de uma longa barba grisalha, não entendia nada de música
sertaneja – sua paixão é o rock –, mas topou o emprego. De saída, criou 25
comunidades diferentes para João Neto e Frederico na rede social da época, o Orkut.
“Eu fazia perguntas sobre as músicas favoritas para gerar engajamento”, lembra,
referindo-se a uma estratégia hoje banal. Na mesma época, surgiu o YouTube, a
gigante plataforma de vídeos, e o negócio tomou outra proporção. A dupla Henrique e
Juliano foi o primeiro caso de sucesso da WorkShow no YouTube.


A tecnologia sempre foi uma aliada da WorkShow, que monitora seus artistas com
precisão. Em uma sala da empresa, há duas telas imensas, onde aparecem em tempo
real as execuções de músicas de seus artistas em todas as mais de 10 mil rádios do país.
O programa usado é o Connectmix, semelhante ao Google Analytics, com a diferença
de que o acesso é pago. Ao longo de 15 de dezembro do ano passado, por exemplo, dia
em que a piauí visitou a sala para conhecer o programa, a música Todo Mundo Menos
Você, uma parceria entre Marília Mendonça e a dupla Maiara e Maraisa, tocou em 2 202
rádios do país.


Quem analisa esses dados é Luciano Sassinhora, radialista há três décadas que ocupa o
posto de diretor do Departamento de Rádio da WorkShow. Pelo Connectmix,
Sassinhora pode levantar o histórico de uma determinada canção – em que horários
mais toca, em que regiões do país, por exemplo. No dia 5 de novembro, dia em que o
avião de Marília Mendonça caiu, suas músicas haviam sido executadas 6 209 vezes. No
dia seguinte ao acidente, foram 36 197 execuções. Em todo o mês de novembro, a
música Troca de Calçada, seu sucesso que faz uma homenagem às prostitutas, tocou 45
045 vezes nas rádios de todo o país.


“Monitoro se as rádios estão tocando os artistas em cujas músicas estamos investindo”,
diz Sassinhora, dono de um vozeirão grave e um jeito despachado. Na semana de
lançamento de uma canção, cada rádio deve tocar a música pelo menos quatro vezes no
dia, sempre logo antes ou logo depois do intervalo comercial. “Em geral, os caras do
funk estão preocupados em bombar na internet, então investem em clipes lindos. E só.
Veja se eles lotam shows e duram muito tempo? Um exemplo é o MC Livinho. Em 2016
estourou com alguns hits e hoje ninguém mais sabe quem é”, diz Sassinhora. “Graças a
Deus, temos a humildade de pagar e colher os frutos do jabá. O cara que cuida da
agenda de shows dos nossos artistas fica maluco de tanto atender telefone.” Marília
Mendonça chamava a sala desse funcionário de “Casa da Moeda”.


O jabá continua no centro do negócio, seja para artistas consagrados ou novatos. “De
tanto tocar nas rádios, o público passa a gostar e a pedir de forma orgânica as nossas

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