® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

Universal em condições privilegiadas. Ficará com 80% dos royalties, cabendo os outros
20% para a gravadora. Oliveira, no entanto, fica responsável por todo o investimento
de marketing (leia-se, entre outras coisas, pagar jabá para as rádios). “O Wander é um
gênio”, disse o diretor da Universal, Paulo Lima, em conversa por videoconferência
com a piauí de sua casa em Los Angeles: “Ele tem faro e ouvido para escolher artistas
que, sem risco algum, vão criar sucesso atrás de sucesso.”


Agora que está consolidado, Oliveira não quer nem ouvir falar em pirataria. Em 2012,
por exemplo, sua dupla Henrique e Juliano gravou o primeiro DVD durante um show
ao vivo, quando emplacou o sucesso da música Não Tô Valendo Nada (Vou esperar minha
mulher querer ir no banheiro/Aí eu ganho cinco minutinhos de solteiro/É rapidinho, ela nem vai
desconfiar). O DVD foi feito para ser exibido no YouTube, uma medida preventiva
contra a pirataria que já tinha tomado conta do mercado de vendas físicas. Grande
parte do negócio de Oliveira hoje é justamente recolher royalties das músicas cujos
direitos detém. O sucesso Batom de Cereja, por exemplo, a canção mais executada no
Spotify do Brasil no ano passado, não é de um artista da Work-Show, mas seus direitos
pertencem a Oliveira. Hoje, ele lucra alto com o que antes ele não pagava. Sua
WorkShow Editora e Produções Musicais reúne canções de mais de quinhentos
compositores.


E Marília Mendonça continua sendo um tesouro comercial. A artista deixou dezenas de
músicas inéditas. Depois de recusar contrato com a Amazon e o Globoplay, ela aceitou
fechar negócio com a Netflix pouco antes de sua morte. A empresa de Los Gatos, na
Califórnia, fará uma série documental sobre sua vida e obra. “Ela adorava ver Netflix
com as amigas”, diz Oliveira. O projeto está mantido e talvez tenha dez episódios.
“Também vou lançar um prêmio de música chamado Prêmio Marília Mendonça.” Por
fim, entre seus principais lançamentos para este ano, está o irmão de Marília
Mendonça, João Gustavo. Sucesso garantido? “O sucesso de uma música não é
matemática exata”, diz Oliveira. “Se não casa a energia da canção com o público,
podemos investir em rádio, em rede social, em tudo, mas não tem dinheiro que faça o
artista vingar.”


A morte de Marília reforçou um terror de Oliveira. Ele morre de medo de avião. Antes
da pandemia, tinha dois jatos – um Phenom e um Cessna. Hoje, tem apenas o bimotor
King Air, mas só embarca numa aeronave se não tiver nenhuma opção. Quando
precisa viajar de Goiânia para São Paulo ou Rio de Janeiro, vai de carro. Ele também
dirige até sua fazenda. A viagem dura em torno de três horas. No caminho, ouve o
Spotify. Gosta de escutar Cyndi Lauper, Bryan Adams, Elton John e Jimmy Cliff.
Oliveira não fala inglês e diz que não é preciso entender as palavras para saber se uma
música é boa. “Os cabelinhos do braço se arrepiam.” É quando tem coisa aí.

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