® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

Na fotografia que ilustra esta página aparecem mais de cinquenta pessoas,


reunidas em uma das salas do Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Nem todas usam
máscara, algumas vestem paletó e gravata, outras estão com distintivos pendurados ao
peito. Um ponto que chama a atenção é a presença de alguns homens em uniforme de
camuflagem e metralhadora em punho, apontada para o chão. Eles estão posicionados
à esquerda da foto. São integrantes do Comando de Operações Táticas (COT), uma
unidade de elite da Polícia Federal. O ministro Luiz Fux, presidente do STF, está bem
no centro da imagem, com máscara, gravata e camisa branca.


A fotografia foi tirada a pedido de Fux, no auge das manifestações golpistas do Sete de
Setembro do ano passado, quando equipes de segurança e policiais foram mobilizados
para proteger o STF e os ministros. É o registro visual do momento em que a sede da
mais alta corte da Justiça brasileira correu o risco de ser invadida, saqueada,
incendiada. Naqueles dias, tudo isso parecia possível. A mobilização de um forte
esquema de segurança, incluindo até o grupo de elite da Polícia Federal, revelou-se
útil. Apenas em um único ponto dos gradis que cercavam o prédio no dia 7, houve sete
tentativas de invasão. “Foi o dia mais tenso da minha vida”, diz Fux, quando relembra
o episódio em suas conversas privadas.


Na vigência do regime democrático, nunca o STF viveu uma ameaça tão vil. Na noite
de 6 de setembro, bolsonaristas em fúria romperam a barreira policial e ocuparam a
Esplanada dos Ministérios. Os caminhoneiros buzinavam, aceleravam sem sair do
lugar, a multidão gritava, um policial chegou a sacar a arma para contê-los. Em vão.

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