® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

em países com vastas florestas tropicais”, contou o biólogo, que foi autorizado a tratar
o príncipe de “sir Charles”. “Ele manifestou frustração com a falta de interesse de
alguns grupos, em especial empresas de capital gigantesco, que se beneficiaram
economicamente ao longo da pandemia. Elas, de fato, não têm contribuído na prática
com as transformações ambientais que precisam ser feitas agora.”


Em outubro do ano passado, o príncipe William, o filho mais velho de Charles e o
segundo na linha de sucessão ao trono, também se mostrou preocupado com o assunto
ao fazer uma declaração que rendeu manchetes em todo lugar. Logo depois que Jeff
Bezos, o dono da Amazon, lançou ao espaço mais um foguete de sua companhia Blue
Origin e poucos dias antes da abertura, em Glasgow, da 26ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima, a COP26, William disse a uma emissora de tevê:
“Precisamos de alguns dos maiores cérebros e mentes do mundo concentrados em
tentar consertar este planeta, não tentando encontrar o próximo lugar para ir e viver.”


Antonelli concorda com William. “Temos de direcionar os recursos financeiros e
intelectuais para reparar o que está acontecendo com o meio ambiente. Ou serão
enormes os remorsos, pois deixaremos essa devastação como uma herança que vai
afetar nossos filhos e netos”, diz. O diretor científico dos Kew Gardens também não
teme dar nome aos bois, o que William evitou. “Investir em astrofísica, na exploração
científica do espaço, é fundamental. Mas não é isso que Bezos faz. Ele faz isso pelos
lucros e para se exibir.”


Em novembro do ano passado, Antonelli esteve na COP26 com um grupo de 28


cientistas dos Kew Gardens. A missão deles, segundo o biólogo, “foi apresentar
evidências de como soluções científicas sustentáveis, baseadas em sistemas naturais,
podem combater as crises climáticas e a perda de biodiversidade”. Um exemplo dessas
evidências levado a Glasgow foi a semente da Coffea stenophylla, a mesma apresentada
ao presidente do Gabão um mês antes.


Na COP26, Antonelli teve encontros com o presidente da Colômbia, Iván Duque
Márquez, e da Costa Rica, Carlos Alvarado Quesada. A equipe dos Kew Gardens faz
parceria científica com mais de cem países, para realizar projetos como os de
catalogação de plantas na Colômbia e de reflorestamento no México. Com o Brasil,
nada. “Infelizmente, não temos conseguido firmar novas parcerias com o Brasil”,

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