® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

lamenta. “Espero maior abertura do governo federal para escutar os cientistas e
entender suas prioridades. Mas o que tenho visto é o contrário, com pesquisadores
perdendo bolsas e colegas abandonando os estudos que realizam por falta de apoio.
Muitos estão desempregados.”


Por isso mesmo, Antonelli acredita que pode contribuir mais para o conhecimento
sobre a biodiversidade brasileira fazendo seus trabalhos fora daqui. “Na Inglaterra e na
Suécia tenho todo o apoio necessário para realizar pesquisas mais ambiciosas,
incluindo as coletas e análises que realizo em biomas brasileiros, como na Amazônia.
No Brasil, desde que acabaram com o programa Ciência sem Fronteiras, infelizmente o
país não conta com uma ação federal de peso na área.”


Na COP26, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Alvaro Pereira Leite, disse que o
Brasil zeraria o desmatamento em 2028, adiantando em dois anos o prazo prometido
por outros governos brasileiros em conferências climáticas anteriores. Para explicar o
plano surpreendente, Pereira Leite exibiu um gráfico com dados otimistas do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com a informação de que o desmatamento na
Amazônia teria diminuído 5% entre 2020 e 2021. Na verdade, estava tentando fazer a
plateia de boba.


Em 18 de novembro, seis dias após o fim da COP26, veio a público a notícia de que o
ministério ocultara por mais de um mês as informações reais do Inpe sobre o
desmatamento, que havia aumentado 22% – e não diminuído 5%. Antonelli é taxativo:
“Para ter acesso às dezenas de bilhões de dólares de financiamentos dados como
incentivo pelas nações ricas a quem preserva, e não desmata, países como o Brasil
precisam provar o que falam.”


Em julho deste ano, Antonelli vai lançar o seu primeiro livro, The Hidden


Universe: Adventures in Biodiversity (O universo oculto: aventuras na biodiversidade). A
obra será publicada simultaneamente na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Suécia e na
China – ainda não tem edição prevista no Brasil. Está dividida em quatro partes. Na
primeira, ele procura responder a esta ampla questão: “O que é biodiversidade?” Na
segunda, discute o valor da biodiversidade, que vai além da dimensão financeira.
“Como as estrelas pouco ligam para o que pensamos delas quando olhamos para o
vazio, as flores – e a biodiversidade – não estão aqui realmente por nós. Mas uma coisa

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