® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

Cordilheira dos Andes, que produziu efeitos sobre a região amazônica que levaram ao
aumento da biodiversidade. A pesquisa apontou ainda que a origem do boom de
espécies no bioma amazônico ocorreu há mais de 20 milhões de anos. Antes,
acreditava-se que teria ocorrido cerca de 3 milhões de anos atrás.


No meio acadêmico, mede-se o sucesso de um artigo científico pela quantidade de
vezes que é citado em outros estudos de renome. O texto da Science foi citado em quase
2 mil pesquisas. Professor de biodiversidade da Universidade de Gotemburgo e
professor visitante da Universidade de Oxford, Antonelli já assinou cerca de 200
artigos científicos, mencionados em 12 mil estudos. “Ele é brilhante. Contribuiu para as
ciências ambientais de diversas formas, descrevendo, mapeando e realizando previsões
relacionadas à biodiversidade, além de influir em projetos que mitigam os efeitos
negativos das mudanças climáticas”, diz a botânica Mari Källersjö, professora da
Universidade de Gotemburgo e atual diretora do jardim botânico da cidade. “Mas o
que o distingue ainda mais de seus pares é sua qualidade como comunicador. Ele tem a
rara habilidade de tornar fáceis de entender as coisas mais complicadas, seja
conversando com crianças em uma escola, seja com executivos ou líderes mundiais.”


Na virada de 2015 para 2016, Antonelli fez uma promessa de Ano-Novo para a sua
família. “Prometi que iria criar um centro para tratar de biodiversidade na Suécia,
unindo esforços de várias instituições científicas, como museus e universidades”, ele
conta. Dito e feito. O Centro de Biodiversidade Global de Gotemburgo foi inaugurado
em 2017. “Após um ano de trabalho, em 2018, calculamos que o número de notícias
sobre biodiversidade na mídia sueca aumentou em cerca de dez vezes, principalmente
em consequência de nossos esforços para divulgar essas pautas”, diz Antonelli.


Em junho de 2018, durante uma estadia de seis meses como professor visitante na
Universidade Harvard, nos Estados Unidos, ele recebeu uma carta dos Kew Gardens,
com um convite para se candidatar à vaga de diretor científico da instituição. O biólogo
estava com 39 anos e se julgava “novo e inexperiente demais para o cargo”. Mas para o
diretor-geral dos Kew Gardens, o inglês Richard Deverell, a escolha de Alexandre
Antonelli para a diretoria científica dos jardins ocorreu na hora certa: “Ele entrou na
instituição em um momento particular, no qual seu histórico pessoal em estudos de
conservação da biodiversidade se alinhou com as visões e estratégias dos Kew Gardens
de preservar a diversidade das plantas em escala global.”


Deverell, que também é biólogo, fez trabalho de campo na Tanzânia com “Alex”, como
chama Antonelli, e ficou impressionado. “Pude me certificar do quanto ele é
apaixonado pela atividade de naturalista”, conta. “Alex é hoje uma referência global
em estudos de biodiversidade em florestas tropicais na América do Sul, contribuindo

Free download pdf