® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

para entender como as forças da evolução resultaram na extraordinária riqueza e
diversidade de espécies na região.”


Para poder aceitar o convite dos Kew Gardens, o biólogo brasileiro precisou deixar em
2019 a direção do centro de biodiversidade e do Jardim Botânico de Gotemburgo.
Também abandonou os planos de desenvolver um aplicativo de reconhecimento, por
meio da câmera do celular, de espécies animais e vegetais. Ele estava testando a
tecnologia em escolas na Suécia na época.


Opríncipe Charles e Antonelli se falaram pela primeira vez, por telefone, em


dezembro de 2020. A ligação durou cerca de uma hora, e os dois conversaram a
respeito de problemas ambientais e das iniciativas científicas dos Kew Gardens.
“Falamos sobre soluções para combater o desmatamento e incentivar o reflorestamento
em países com vastas florestas tropicais”, contou o biólogo, que foi autorizado a tratar
o príncipe de “sir Charles”. “Ele manifestou frustração com a falta de interesse de
alguns grupos, em especial empresas de capital gigantesco, que se beneficiaram
economicamente ao longo da pandemia. Elas, de fato, não têm contribuído na prática
com as transformações ambientais que precisam ser feitas agora.”


Em outubro do ano passado, o príncipe William, o filho mais velho de Charles e o
segundo na linha de sucessão ao trono, também se mostrou preocupado com o assunto
ao fazer uma declaração que rendeu manchetes em todo lugar. Logo depois que Jeff
Bezos, o dono da Amazon, lançou ao espaço mais um foguete de sua companhia Blue
Origin e poucos dias antes da abertura, em Glasgow, da 26ª Conferência das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima, a COP26, William disse a uma emissora de tevê:
“Precisamos de alguns dos maiores cérebros e mentes do mundo concentrados em
tentar consertar este planeta, não tentando encontrar o próximo lugar para ir e viver.”


Antonelli concorda com William. “Temos de direcionar os recursos financeiros e
intelectuais para reparar o que está acontecendo com o meio ambiente. Ou serão
enormes os remorsos, pois deixaremos essa devastação como uma herança que vai
afetar nossos filhos e netos”, diz. O diretor científico dos Kew Gardens também não
teme dar nome aos bois, o que William evitou. “Investir em astrofísica, na exploração
científica do espaço, é fundamental. Mas não é isso que Bezos faz. Ele faz isso pelos
lucros e para se exibir.”

Free download pdf