® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

“Para ter acesso às dezenas de bilhões de dólares de financiamentos dados como
incentivo pelas nações ricas a quem preserva, e não desmata, países como o Brasil
precisam provar o que falam.”


Em julho deste ano, Antonelli vai lançar o seu primeiro livro, The Hidden


Universe: Adventures in Biodiversity (O universo oculto: aventuras na biodiversidade). A
obra será publicada simultaneamente na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Suécia e na
China – ainda não tem edição prevista no Brasil. Está dividida em quatro partes. Na
primeira, ele procura responder a esta ampla questão: “O que é biodiversidade?” Na
segunda, discute o valor da biodiversidade, que vai além da dimensão financeira.
“Como as estrelas pouco ligam para o que pensamos delas quando olhamos para o
vazio, as flores – e a biodiversidade – não estão aqui realmente por nós. Mas uma coisa
é certa: não poderíamos estar aqui sem elas”, escreve. Nas duas últimas partes, ele
aponta as principais ameaças e as soluções para a construção de um futuro sustentável.


O livro não é dirigido ao meio científico, mas ao público em geral. “Senti desconexão
entre o que os pesquisadores debatem sobre o tema da biodiversidade e o
entendimento da maioria da população sobre o assunto. Por isso decidi escrever”, diz
Antonelli. “Misturei os meus estudos com as percepções e vivências que tive ao fazer
trabalho de campo, nas florestas.” Ao longo de sua carreira, ele coletou, identificou e
catalogou mais de 2 mil tipos de plantas, insetos e répteis, em estudos de campo feitos
em 24 países.


Na obra, o biólogo conta várias histórias das descobertas que fez. Em algumas, o acaso
teve participação importante. Ele encontrou uma nova espécie de planta, uma parente
distante do café, a Cordiera montana, ao tropeçar no galho de uma árvore de 10 metros
de altura, na Cordilheira dos Andes, no Peru.


No Norte de Moçambique, quando estava atrás de cobras venenosas, ele fez outra
descoberta junto com sua equipe. “Após o Sol se pôr e as temperaturas caírem um
pouco, pegamos nossas tochas e saímos para uma caminhada. Estava um breu e de
repente vimos dois olhos brilhantes nos encarando de uma enorme rocha”, conta
Antonelli no livro. “Um de meus alunos, Harith Farooq, pulou ferozmente em direção
ao animal e finalmente conseguiu pegá-lo, ao custo de vários arranhões.” Era uma nova
espécie de lagartixa, de 15 cm de comprimento, que ainda não foi catalogada.

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