® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

eta, que vontade duma cachacinha agora, rapaz!, depois, um gole de café, boca de pito,
um cigarrinho bom, mas aqui..., seja o inferno, talvez, só água e comprimidos
pilulados, difíceis de engolir,


qualquer dia perco as estribeiras e cuspo na cara dela,


sai de perto, diacho!,


no entanto, à noite, escuto a gemeção dos outros, com as dores lamentadas, em coro
discorde,


os passos no corredor,


e tenho medo da minha vez,


vai que ela sendo o diabo aos poucos, mesmo, em si, e não a crosta do meu
xingamento,


então..., no mais, as feituras do vazio, ocas por dentro,


toda tarde, depois do almoço, os velhinhos vão pro pátio coberto, saindo de seus
quartos,


... ou mais ou menos coberto, não vou mentir, a jabuticabeira-do-mato no meio,
frondosa, idosa, espelho de uma ironia irrefletida,


construíram o telhado em volta, gambiarra,


aqui faz tanto calor!, será mesmo o abismo?, ... o buraco no qual a queda não se finda,
sem mundos ou fundos?,


a televisão fica lá, 20 polegadas, no alto de uma prateleira de ferro, meio que escorada
nos galhos, protegida por duas telhas grandes, de amianto, amarradas com arame
recozido,


outro dia, com a chuva de vento, grudou uma água marrom na tela, respingada, e os
artistas choraram ferrugem,


não sei, deu uma tristeza que só vendo..., eu mesmo rechorei escondido no quarto,
depois, abafando-me,

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