® Piauí ed. 185 [Riva] (2022-02)

(EriveltonMoraes) #1

Esse tipo de serviço faz parte da rotina profissional de Cruz, que trabalha como
assessora de imprensa da deputada federal Sâmia Bomfim (Psol-SP), mãe da criança. O
bebê de sete meses, Hugo, circula com frequência pelo Congresso. Como ele ainda está
em fase de amamentação, Bomfim não tem alternativa senão levá-lo para o trabalho. O
que vem a calhar, já que o pai do menino, Glauber Braga (Psol-RJ), também é
deputado.


O casal tenta programar suas agendas de modo que um dos dois sempre esteja
disponível para cuidar da criança. Muitas vezes não dá certo. Naquela tarde de
dezembro do ano passado, a assessora andava de lá para cá com o carrinho de bebê,
apreensiva, aguardando que Braga e Bomfim saíssem do Plenário 10, onde
participavam de uma reunião da Comissão de Educação da Câmara, da qual fazem
parte. Eles estavam atrasados para uma consulta no pediatra.


Tanto Bomfim quanto Braga tinham um projeto para relatar. Preocupados com o
horário, os dois pediram ao presidente da sessão, deputado Gastão Vieira (Pros-MA),
que invertesse a pauta do dia, permitindo que o casal votasse seus projetos antes dos
demais colegas. “É uma decisão de avô. Sempre me sensibilizo com essas coisas”,
justificou Vieira. Mas o deputado Tiago Mitraud (Novo-MG) não aceitou a mudança –
e Hugo chegou atrasado à consulta.


Glauber Braga, de 39 anos, e Sâmia Bomfim, de 32 anos, se conheceram no


exercício da militância. Ele despontou na política em Nova Friburgo, no estado do Rio,
e está em seu quarto mandato na Câmara. Ela ganhou notoriedade no movimento
universitário em São Paulo e agora exerce seu primeiro mandato. Depois de um ano
trabalhando lado a lado na bancada do Psol em Brasília, os dois começaram a namorar
no final de 2019. O romance, catalisado pelo isolamento social na pandemia, logo se
converteu em união estável.


Hugo é o primeiro filho do casal. O menino nasceu em junho de 2021, em São Paulo, de
parto natural. Foi uma jornada exaustiva: Bomfim começou a sentir as contrações numa
segunda-feira, mas a criança só nasceu três dias depois, na quinta-feira à tarde. A
equipe médica precisou usar ocitocina para induzir o parto. “Eu fiquei muito abalada.
Não sei de onde tirei forças na hora do nascimento”, diz a deputada.

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