Texto Maria Clara Rossini
Ilustração Carlos Hara
enquanto
isso...
O BBB 22 começou
sem muitas polêmi-
cas, e foi criticado
pelo início “morno”.
Projeto Pretende enviar tardígrados ao esPaço
sondas espaciais cruzam o vácuo a 130
mil km/h. É pouco. Mesmo nesse pique,
levam décadas só para sair do Sistema
Solar. E seriam necessários 41 mil anos
para chegar à estrela mais próxima, Alpha
Centauri. O Projeto Starlight, da Nasa, pro-
põe uma alternativa (3): usar um laser para
empurrar uma nave, que atingiria 100 mil
km por segundo, ou 360 milhões de km/h
(30% da velocidade da luz). Os passagei-
ros dessa viagem seriam os tardígrados,
animais microscópicos que estão entre as
espécies mais resistentes da Terra. A ideia
é aproveitar o teste do sistema para checar
como uma forma de vida se comportaria
em longas viagens interestelares – longas
de fato: mesmo a 100 mil km/s um rolê até
Alnilam, a estrela do meio das Três Ma-
rias, que parece aqui pertinho, levaria 12
mil anos. A Super conversou com o físico
Philip Lubin, professor da Universidade
da Califórnia e diretor do projeto, para
entender a ideia.
Por que enviar tardígrados? Eles são uma
das poucas criaturas que suportam o vá-
cuo. Seriam desidratados e enviados em
um estado de metabolismo zero, como se
fossem sementes. Existem tardígrados que
permaneceram nesse estado por milhares
de anos – e cientistas conseguiram fazê-los
voltar à vida. Outra vantagem é que eles
são microscópicos. Se quisermos atingir
altas velocidades, precisamos enviar algo
que tenha pouca massa. Poderíamos co-
locá-los em cápsulas com uma pequena
atmosfera. A ideia é apenas mandá-los.
Não temos como trazê-los de volta.
Como funcionaria o laser? Os fótons [partí-
culas de luz] carregam energia e impulso. Nós
só não sentimos esse “empurrão” porque
nossa pele não é sensível o suficiente. Se eu
quisesse acelerar a minha minúscula nave a
30% da velocidade da luz, precisaria de 100
gigawatts [equivalente a 80 reatores nucleares,
ou 10% da capacidade total de geração elétrica
dos EUA]. A fonte de luz, que é a propulsão
da nave, ficaria no chão. Nós mostramos que
é possível sincronizar lasers em um raio de
50 km para gerar um feixe de luz. Ele só fi-
caria ligado por alguns minutos, para lançar
a espaçonave.
Qual é o objetivo do estudo? O projeto não
seria executado agora – é algo para daqui
30 ou 50 anos, dependendo da viabilidade
e do interesse econômico. O que nós es-
tamos propondo é estudar e desenvolver
a fotônica. Mesmo que a gente não envie
os tardígrados, o mais importante é a tec-
nologia. Ela poderia ser aprimorada para
mandar humanos a Marte, por exemplo.
(Maria Clara Rossini)
Eles seriam impulsionados por lasers – e viajariam a 360 milhões de km/h.
Fontes (1) Universidade de Leeds.
(2) Universidade de Viena.
O iceberg A68a, com 160 quilô-
metros de largura, derreteu ao
chegar à ilha de Geórgia do Sul,
no Oceano Atlântico. Foi um dos
maiores já registrados.
Cientistas descobriram um
padrão oculto na retina, que in-
dica se a pessoa tem mais risco
de sofrer ataque cardíaco 1.
O telescópio James Webb atin-
giu seu destino – em um ponto
chamado L2, a 1,5 milhão de
km da Terra (quatro vezes mais
distante que a Lua).
Um estudo indicou que a
domesticação fez o cérebro dos
gatos diminuir ao longo dos
últimos 10 mil anos 2.
12 super fevereiro 2022 Ilustração Mirada Estúdio Criativo. Fonte (3) Interstellar space biology via Project Starlight. P Lubin e outros, 2022.
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