no sangue dos macacos. Resultado: os
animais que receberam a terceira dose
da vacina antiga tinham um pouco mais
de anticorpos contra a Ômicron do que
os outros, que receberam o novo imu-
nizante. Portanto, conclui o estudo, a
nova vacina “pode não fornecer maior
imunidade ou proteção se comparada à
atual mRNA-1273”. Ela falhou. E o mo-
tivo disso, dizem os autores, “provavel-
mente é o pecado original antigênico”.
O estudo foi em macacos, não em
humanos (e só oito, um número peque-
no). Também pode ser que a vacina da
Pfizer, ao contrário da Moderna, consiga
bons resultados. Mas trata-se de um
mau presságio. Para frear a Ômicron,
talvez precisemos de um tipo comple-
tamente novo de vacina: a nasal.
Quando você vai ao posto de saúde
e toma a agulhada, a vacina é injetada
num músculo do seu braço. Ela contém
o Sars-CoV-2 inativado, a spike ou ins-
truções genéticas para que o seu corpo
fabrique essa proteína. Nos três casos,
o que acontece depois é o mesmo: o
corpo reconhece a presença do elemen-
to estranho e o carrega até os nódulos
linfáticos. Há centenas desses nódulos
espalhados pelo corpo (inclusive na cla-
vícula, pertinho do braço). São “bases
militares” do sistema imunológico: neles
há células B, que produzem anticorpos,
e células T, que matam células infectadas
por vírus. O invasor é levado até esses
nódulos para que o corpo o analise e
prepare uma defesa.
Alguns dias mais tarde, ela está pron-
ta, e agora você tem células B e T e anti-
corpos adaptados para combater o vírus.
Eles ficam circulando no sangue e nos
fluidos do organismo – por isso, essa
é a chamada imunidade humoral. É ela
que, depois da vacinação, nos protege
contra formas graves da Covid. Mas a
imunidade humoral não é muito boa
para impedir que você pegue o vírus.
Para evitar isso, só com outro tipo de
imunidade, a mucosal. “Nela, os anticor-
pos são diferentes dos que circulam no
nosso sangue”, explica o imunologista
Wesley Fotoran, do Instituto Butantan.
A imunidade humoral é formada pelos
anticorpos IgG e IgM (imunoglobulinas
G e M). Já a defesa das mucosas emprega
outro tipo, o IgA.
As vacinas injetáveis não são boas
em fomentar a imunidade mucosal. É
por isso que você pode estar vacinado,
O molnupiravir, do labo-
ratório MSD, e o Paxlovid,
da Pfizer, são os primeiros
medicamentos capazes de
mudar o rumo da pandemia:
poderão ser tomados em
casa logo nos primeiros sin-
tomas, evitando que a Covid
piore. Mas um deles é bem
mais eficaz que o outro.
26 super fevereiro 2022
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