em humanos pela Universidade de Ox-
ford. O outro foi criado pela Bharat Bio-
tech, e em fevereiro começou a última
fase de testes em humanos. Ambos são
feitos com vetor viral: um adenovírus
de chimpanzé acoplado à proteína spike
do Sars-CoV-2. Trata-se de um vírus
“vivo”, que em tese consegue penetrar
bem na mucosa do nariz. E ele é edita-
do geneticamente para ser incapaz de
se replicar – o que elimina o risco de
reversão viral.
Você deve estar pensando: quando/
se uma vacina nasal for liberada, a
Ômicron já estará superada. Afinal, a
maioria das pessoas já terá pegado a
variante e criado algum grau de imuni-
dade a ela, certo? Talvez não. “Os vírus
se espalham em ondas, não afetam toda
a população [de uma vez]”, explica o epi-
demiologista Paulo Petry, da UFRGS.
Conforme mais e mais gente é con-
taminada, ele passa a ter dificuldade
em encontrar novas vítimas. Porém,
a maioria da sociedade ainda não foi
infectada. Algum tempo depois, quan-
do o número de casos cai e as pessoas
retomam a rotina (voltam a viajar, se
mudar, ir a restaurantes e escritórios
etc.), o vírus novamente tem acesso a
indivíduos suscetíveis – e surge uma
nova onda de contágio. Isso pode acon-
tecer com a Ômicron. E, mesmo se ela
arrefecer sozinha, é provável que sur-
jam novas variantes – e só com uma
vacina nasal será possível impedir to-
talmente a circulação delas.
A pandemia deve continuar conos-
co ainda por um bom tempo. Mas isso
não significa que ela voltará aos piores
momentos de 2020 e 2021, por duas
razões. A primeira é a popularização das
máscaras do tipo N95/PFF2, as únicas
que realmente protegem. O governo dos
EUA anunciou que irá distribuir 400
milhões de unidades para sua população,
e vários países europeus começaram a
exigir esse tipo em locais fechados. No
Brasil, a maioria das pessoas ainda usa
máscara de pano ou cirúrgica, muito
menos seguras (como são abertas dos
lados, as cirúgicas filtram apenas 38,5%
das partículas (8); as de pano, 26%). Se
todo mundo usar N95, a circulação do
vírus será drasticamente reduzida [veja
ao lado como escolher e usar uma].
O outro motivo é a chegada de dois
medicamentos contra o Sars-CoV-2,
que impedem a piora da doença e
N95, aiNda
que tardia
- carregada
com 30 mil volts
A máscara N95 tem várias
camadas, com fibras sobre-
postas em padrões irregu-
lares. Isso intercepta parte
dos vírions (unidades do vírus),
mas não é suficiente para
barrar todos. É que há um
espaço de até 20 micrômetros
entre as fibras – em tese,
mais do que suficiente para
os vírions, que medem 0,1
micrômetro cada, passarem.
O segredo da máscara N95
está na “ camada eletrostática ”,
que é carregada com 30 mil
volts de eletricidade estática.
Essa energia puxa os vírions,
que grudam nas fibras. A
máscara não precisa ser “re-
carregada”. Mas ela não pode
ser molhada, nunca – pois isso
dissipa a estática, comprome-
tendo a eficácia da filtragem.
- N95 e PFF2, sim.
KN95 e KF94, melhor Não
N95 é uma norma americana
segundo a qual a máscara
deve reter pelo menos 95%
das partículas. Ela equivale à
brasileira PFF2. As máscaras
do padrão coreano KF94
também são seguras (e mais
confortáveis, pois têm só
um elástico). Mas as KF94
são importadas, o que torna
difícil checar sua autenti-
cidade – você corre o risco
de pegar uma falsificada.
É melhor evitar as máscaras
KN95, que seguem a norma
chinesa: testes de laboratório
revelaram que, na maioria
dos casos 1 , elas não
filtram 95% das partículas,
como prometido.
A maioria das pessoas ainda não
usa máscara N95. Mas com a Ômicron
(e as variantes que podem vir
depois dela) isso se tornou ainda
mais essencial. Veja como ela
funciona – e saiba como escolher
e usar com segurança.
(8) as Personal Protective Equipment for the Public During the Evaluation of Cloth Masks and Modified Procedure Masks
COVID-19 Pandemic. PW Clapp e outros, 2020.
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