Aventuras na História - Edição 195 (2019-08)

(Antfer) #1

mento do regime nazista tornavam fundamental
conquistar esse espaço extra antes de 1943. Até
lá, apontou como estratégico incorporar a Áus-
tria – como já vimos – e ainda a Tchecoslováquia,
o que ainda aumentaria a segurança das frontei-
ras alemãs. Nas contas de Hitler, os nazistas ex-
pulsariam 3 milhões de pessoas desses dois pa-
íses (judeus, comunistas, padres, democratas
etc.), resultando numa aquisição de alimentos
para até 6 milhões de alemães.
Para quem esteve naquela reunião, não foi
surpresa que apenas sete meses após a anexação
da Áustria o exército alemão estivesse incorpo-
rando a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia,
onde havia uma maioria de população de origem
germânica. O pretexto oficial era de que os ale-
mães que moravam por ali seriam perseguidos
pelas autoridades – as crianças não podiam
passar férias na Alemanha, por exemplo. Porém,
se o senso de oportunidade de Hitler se mostra-
ra aguçado nas incursões anteriores, atacar os
tchecos era visto como loucura por parte do seu
próprio comando militar. Não que a Tchecos-
lováquia representasse algum risco – e aquela
democracia no caminho da expansão alemã
parecia mesmo uma pedra no sapato para qual-
quer nazista. O problema era outro: um ataque


aos eslavos parecia ser a gota d’água para que
as aventuras do Führer abrissem a caixa de pan-
dora de uma guerra contra as potências ociden-
tais. O general Ludwig Beck, chefe do Estado-
-Maior da Alemanha, escreveu um memorando
que ressaltava a impossibilidade de o país vencer
um conflito generalizado de longa duração, que
poderia explodir se os ingleses decidissem por
uma intervenção em favor dos tchecos. Hitler
reagiu furioso àquelas constatações, e logo Beck
perderia seu posto. Hitler não queria ouvir ne-
nhuma voz da razão: ele queria guerra. E estava
convicto de que as maiores forças da Europa não
tomariam as dores dos tchecos.
Apesar dos temores dos militares, a leitura
internacional do Führer mais uma vez estava
certa. Os britânicos quiseram tanto evitar o
desgaste de uma guerra que colocaram os pesos-
-pesados de sua diplomacia para convencer os
tchecos de que, sim, deveriam aceitar as exigên-
cias quanto aos Sudetos, principalmente dar
autonomia aos alemães nessa região. Depois de
idas e vindas das negociações, nas quais Hitler
sempre tendia a aumentar suas exigências, um
acordo foi selado: o país dos tchecos foi desmem-
brado. Um preço alto para a manutenção da paz


  • uma paz que desagradava ao líder alemão.


Mulheres choram de
alegria na cidade de
Eger, ocupada pela
Alemanha, ao saudar
soldados nazistas

1938: povo de língua
alemã recebe Hitler
em rua decorada
com suásticas na
Tchecoslováquia

Tropa alemã
marcha sob os
portões de ferro de
Hradcany, o antigo
Castelo de Praga
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