Aventuras na História - Edição 195 (2019-08)

(Antfer) #1

ESCOLA


PAIS E PADRES ERAM OS PROFESSORES E AS AULAS, DE ESSÊNCIA
RELIGIOSA, OCORRIAM EM UM CÔMODO DA CASA POR JANAÍNA ABREU

E


nsinar é um hábito que nos acompanha des-
de a Pré-História. Mas, claro, naquela época
não existia escola, professor, provas. O ho-
mem primitivo costumava passar para seus filhos
coisas práticas como técnicas de caça e rituais
religiosos. Com o desenvolvimento das civiliza-
ções, o ensino passou a ser exercido conforme cada
cultura. No Antigo Egito, por exemplo, o impor-
tante era saber falar. Faraós e nobres educavam os
filhos para dominar a palavra oral – e, assim, co-
mandar a sociedade, intervindo nos conselhos do
poder. A escrita, instrumento para registrar atos
oficiais, era tarefa dos escribas, que aprendiam a
arte com os pais. Já quando se tratava do povão,
os pais ensinavam noções básicas de suas profis-
sões. Escravos tinham o capataz como professor


  • e o chicote como recurso pedagógico.
    Na Grécia, o Estado já começava a interferir.
    Em Esparta, a criança ficava em casa até os
    7 anos e, depois, era confiada ao governo, que a
    formava para a guerra. Já os atenienses eram
    educados para a formação completa. O Estado
    oferecia educação física, formação musical e
    alfabetização, mas só para os meninos.
    Na Roma antiga, o papel do pai era levado
    tão a sério que a autonomia da educação pater-
    na era lei do Estado. Nas classes dominantes, a
    educação familiar visava ao ensino das letras, o
    direito e o domínio da retórica e das condições


para desempenhar atividades políticas. O pai
perdeu posto para o padre durante a Idade Mé-
dia. Nesta época, a Igreja organizava comuni-
dades e os sacerdotes recebiam rapazes em suas
próprias casas. O ensino reduzia-se às Escritu-
ras. No século 8, o imperador romano Carlos
Magno ordenou que padres estudassem as le-
tras. Mais tarde, todo mosteiro foi obrigado a
ter uma escola. Em 1088, surgiu a primeira uni-
versidade, em Bolonha, na Itália. E no fim do
século 15, o acesso à escola ampliou-se, mas a
essência da educação continuou religiosa.
No Brasil, antes da chegada dos portugueses,
os indiozinhos eram instruídos por adultos e,
em algumas tribos, o pajé passava adiante va-
lores culturais. Em 1549, os jesuítas chegaram
trazendo na bagagem não só a religiosidade
europeia, mas também alguns métodos peda-
gógicos. Detiveram o monopólio educacional
por 210 anos, até 1759, quando foram expulsos
do país. A partir do século 19, a chegada da
cultura capitalista fez com que a educação dei-
xasse de refletir apenas valores religiosos para
ter a ciência como base. E assim nasceu a esco-
la como conhecemos hoje: com normas especí-
ficas, agentes próprios e estrutura de ensino –
que mantém vários alunos em salas de aula,
provas, notas, carteiras em fila e diplomas. Tudo
para educar cada vez mais indivíduos.

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