Aventuras na História - Edição 195 (2019-08)

(Antfer) #1
COMO ERA A VIDA ANTES DA ERUPÇÃO DO VULCÃO
VESÚVIO, QUE DEVASTOU A CIDADE EM 79 POR GIBA STAM

N


o século 1, prosperidade econô-
mica, liberdade religiosa e uma
profusão de opções de lazer e
diversão faziam de Pompeia um dos
locais mais agradáveis para se morar
em todo o Império Romano. Suas terras
férteis e clima temperado eram perfei-
tos para o plantio da uva, que movi-
mentava a fabricação do vinho. A in-
dústria de lã também era poderosa. O
porto às margens do Mediterrâneo
estava sempre cheio: cargueiros par-
tiam com trigo, vinho e objetos de
bronze e prata, e pesqueiros chegavam
carregados. Nos mercados e no comér-
cio de rua podia-se encontrar utensílios
domésticos, espelhos, louças, roupas e
perfumes. Havia também profissionais
disponíveis no que se chama hoje de
setor de serviços: médicos, pintores,
condutores de mula, músicos e profes-
sores. No total, quase 12 mil homens e
mulheres livres e 8 mil escravos esta-
vam envolvidos em alguma atividade
econômica. Com tanta gente assim,
ganhando e gastando dinheiro, não
podiam faltar os banqueiros, as figuras
mais ricas e poderosas da cidade.
Para os momentos de folga, o espor-
te era uma das atividades preferidas. Na
cidade havia dois ginásios onde era pra-
ticado lançamento de disco, salto a dis-
tância e luta livre. Depois da malhação,
homens e mulheres se revezavam nos
salões de banhos: a sessão completa
dava direito a água aquecida, sauna a

vapor e duchas frias. Limpinhos e rela-
xados, eles seguiam para sessões de
depilação (prática comum também en-
tre os homens jovens) e massagem.
Pompeia possuía uma vida cultural
e tanto. Os mais pobres frequentavam
o teatro a céu aberto, onde as sátiras, as
comédias e as tragédias eram muito
populares. Já a aristocracia preferia o
ambiente fechado do odéon, que abri-
gava shows de música e recitais de po-
esia. Porém, nada atraía tanta gente
quanto os combates dos gladiadores,
que lotavam o anfiteatro, com capaci-
dade para receber toda a população da
cidade. Era uma paixão perigosa. Em
um dos jogos, em 59 a.C., uma briga
pesada entre os hooligans locais e os
visitantes de Nucéria, uma cidade das
redondezas, fez o senado proibir os jo-
gos em Pompeia por uma década.
E, claro, com tantas opções para a
satisfação carnal, era necessário cuidar
da alma. Em Pompeia predominava o
sincretismo religioso e havia templos
dedicados a deuses romanos, gregos e
egípcios. Vênus, deusa do amor, era a
mais homenageada, mas Mercúrio,
deus do comércio, também estava pre-
sente em lojas e pousadas, muitas vezes
ao lado da inscrição Lucrus gaudium,
que, em latim, quer dizer: “lucro é ale-
gria”. Mesmo na hora de cultuar os
deuses, os habitantes de Pompeia não
deixavam de lado seus principais valo-
res: amor, trabalho e boa vida.

POMPEIA


O setor de serviços
era um dos mais
movimentados
da economia:
de médicos a
massagistas, todos
tinham mercado

ILUSTRADA

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