Aventuras na História - Edição 195 (2019-08)

(Antfer) #1
André
Rebouças

FLORES E HERÓIS
Nos últimos anos do regime de
escravidão no Brasil, a camélia virou
o símbolo que identificava os
simpatizantes da causa abolicionista.
Usar a flor na lapela, plantá-la no
jardim ou dá-la de presente para
alguém era considerado um ato de
ativismo político.
A ideia nasceu na Confederação
Abolicionista. Formada por políticos,
por homens ricos (como Joaquim
Nabuco e João Clapp) e por negros
livres e intelectuais (como José do
Patrocínio e André Rebouças), a
entidade tinha ramificações país
afora. Seu principal foco de ação era
o Rio de Janeiro. Para lutar pela
liberdade, valia tudo, desde as
tribunas do parlamento, passando
pelos jornais, compra de alforrias e
até o incentivo às fugas.
Uma das páginas mais interessantes
do abolicionismo foi escrita em São
Paulo por Luis Gama, também um
símbolo da abolição. Filho de uma
africana com um fidalgo português,
Gama viveu como escravo até a
adolescência, apesar de sua mãe ter
conquistado a liberdade quando ele
nasceu. Após conseguir fugir das
garras da servidão, formou-se em
direito. Baseado em uma lei de 1831,
que proibia o contrabando de escra-
vos para o Brasil, Gama percorreu a
província defendendo cativos nos
tribunais. Com eloquência, conseguiu
libertar mais de 500 pessoas. Faleceu
em 1882, aos 52 anos de idade.
As ações jurídicas de Gama abriram
espaço para atitudes muito mais
radicais. O também advogado Antonio
Bento e seu grupo, o “Caifazes”, por
exemplo, percorriam as fazendas
paulistas libertando e levando negros
para os quilombos urbanos.
Em 1886, os movimentos abolicionis-
tas promoveram e apoiaram fugas em
massa de várias fazendas na região.
Era o início do fim da escravidão.

BRASIL

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