Aventuras na História - Edição 195 (2019-08)

(Antfer) #1

As mulheres medievais cumpriam o script
da submissão. Pertenciam aos pais e,
posteriormente, aos maridos. Viviam para
zelar e procriar. Algumas, porém, trilharam
caminhos radicalmente diferentes e deixaram
legados revolucionários para a época.
A monja beneditina alemã Hildegard
von Bingen (1098-1179) possuía inúmeras
aptidões e tratou de desabrochar todas elas.
Foi teóloga, mística, compositora, pregadora,
naturalista, médica informal, poeta, dramatur-
ga, escritora, mestra (e fundadora) do
Mosteiro de Rupertsberg e até mesmo
conselheira do Imperador Frederico Barba-
rossa. Virou santa e doutora da Igreja.
Mais tarde, na Itália, a veneziana Christine
de Pizan (1362-1431) ousou seguir a carreira
de escritora profissional após a morte do
marido. Não é de se estranhar que tenha


defendido os interesses femininos em suas
obras. “Escreveu tratados em que encorajava
as mulheres a tomar consciência de si e,
sobretudo, o Livro da Cidade das Mulheres,
uma resposta à misoginia alastrada em
muitas obras contemporâneas”, revela
a historiadora Elena Percivaldi em A Vida
Secreta da Idade Média (editora Vozes).
Imbuída de espírito guerreiro, a também
italiana Matilde de Canossa (1046-1115),
além de governar cidades e castelos, e
fundar igrejas e mosteiros, comandou os
seus exércitos contra os inimigos. Adminis-
trava a justiça viajando por seus territórios,
sem se preocupar com os perigos. “As fontes
a descrevem como o modelo do príncipe
laico, mas cristão; fiel à Igreja, mas politica-
mente habilidoso; mecenas nas artes e
reformador no campo jurídico”, define Elena.

MULHERES NOTÁVEIS

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