Veja São Paulo - Edição 2646 (2019-08-07)

(Antfer) #1

trou seu lugar com Sobre Tomates, Tamancos e Te-
souras (2009), que fugia de cenas domésticas ou
sensualizadas para oferecer uma trama policial.
“Coube à minha geração, que veio do teatro e da
dança, construir essa dramaturgia”, diz Andréa.
Thais Ferrara, de 64 anos, formou-se como pro-
messa de intérprete densa e trágica na Escola de
Arte Dramática (EAD) em 1989. Para aperfeiçoa-
mento, matriculou-se em um curso de máscaras, e
sua cabeça deu uma guinada. “Que lugar é esse em
que não podemos entrar? Vi como era legal a pro-
vocação e ingressei nos Doutores da Alegria”, con-
ta ela, integrante do grupo que apresenta esquetes
em hospitais e, até o domingo (11), ainda faz tem-
porada de O Homem que Fala, no Ágora Teatro.
Também do Doutores, Vera Abbud, de 53 anos, é
bióloga e se descobriu palhaça mais pela afinidade
com a ginástica rítmica que por ambições de inter-
pretação. “Encontrei a liberdade de ser verdadeira
e trabalhar em uma arte coletiva”, define.
A parceira de Vera é Paola Musatti, de 49 anos,
com quem dividiu a cena nas peças Pelo Cano e
O Jardim do Imperador. Egressa da EAD, Paola
conheceu na época de sua formação as aulas do
Circo Escola Picadeiro e lembra-se do figurino da
estreia: um terno xadrez, suspensórios e uma ca-
misa masculina. “Nós não tínhamos referência de
palhaças, e, sem internet, ficava difícil até se ins-
pirar na composição de Giulietta Masina no filme
A Estrada da Vida, de Fellini”, conta Paola, que


criou como alter ego a Palhaça Manela. Batizada
de Mademoiselle Blanche, Rhena de Faria, de 45
anos, aprendeu a arte na prática. “Não tive um mes-
tre, e quem me ensinou foram os colegas, como
Marcio Ballas e a turma do espetáculo Jogando no
Quintal, que comecei a fazer em 2004.” Entre as
descobertas de Rhena está a de que o palhaço é
único. “É diferente de uma personagem, que pode
ser até mais bem interpretada por outra atriz porque
existe um texto como guia. A matéria-prima são
nossas próprias emoções, fraquezas e mesquinha-
rias, coisas que não gostamos de revelar. Debaixo
da máscara, nós nos libertamos”, completa. Com
elas, o picadeiro fica completo, sim senhor. ß

Expoentes
paulistanas:
Thais Ferrara
divide a cena
com Soraya
Suri Saide no
espetáculo
O Homem que
Fala; Rhena
de Faria, a
Mademoiselle
Blanche; e a
dupla Paola
Musatti e
Vera Abbud
(abaixo) na
peça O Jardim
ANDRE STEFANO do Imperador

JOÃO CALDAS

IORAM FINGUERMAN

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