Veja São Paulo - Edição 2646 (2019-08-07)

(Antfer) #1

Cerca de 30 milhões de brasileiros são descendentes de


italianos. Quem tem interesse no passaporte do país


encontra lei mais flexível, mas encara processo que


pode levar mais de uma década Guilherme Queiroz


NA FILA DA


CIDADANIA


DESCUBRA > ITÁLIA


E


m 2018, o Consulado-Geral da
Itália em São Paulo concedeu
7 000 cidadanias italianas a
brasileiros. O número pode até
parecer alto à primeira vista, mas é
pequeno em meio à imensidão de
requerentes da dupla nacionalida-
de. Atualmente, sete consulados no
Brasil dão entrada no processo.
Mais de 230 000 pessoas estão na
fila para a chamada da apresenta-
ção dos documentos nas unidades
diplomáticas. “Na capital, a espera
pode chegar a doze anos”, conta
Felipe Malucelli, da empresa Fer-
rara Cidadania Italiana, especiali-
zada no segmento. A alta procura é
estimulada pela facilidade para
conseguir o passaporte da bandei-
rinha verde, branca e vermelha.
O princípio de jus sanguinis (di-
reito de sangue) da lei italiana leva
em conta que todo filho de italiano,
mesmo nascido fora da península,
também é cidadão. E o direito não
tem limite de hereditariedade. Ou
seja, para obter a cidadania, é pre-
ciso ter algum parente que veio da
Itália (e não foi naturalizado brasi-
leiro) na árvore genealógica. A pro-
va de descendência é feita por meio
de documentos da família. Segue-se
uma ordem: se foi, por exemplo, o

seu bisavô que nasceu por lá, é ne-
cessária a apresentação das certi-
dões de nascimento dele e de casa-
mento com a bisavó. A de óbito
também, caso tenha falecido. Em
seguida, os mesmos documentos do
avô e também dos pais. Todos esses
papéis têm de ser traduzidos para o
italiano por um profissional reco-
nhecido pelos consulados e reuni-
dos em um caderno, conhecido co-
mo Apostila de Haia. “Se o parente
for o bisavô, a formulação da apos-
tila, caso não haja complicações
para encontrar documentos, começa
em 4 000 reais”, conta Renato Lo-
pes, de outra agência paulistana, a
RSDV & Avv. Domenico Morra.
Mesmo que ainda não tenha con-
seguido reunir todas as informa-
ções, o interessado deve, quanto
antes, se cadastrar na fila de espera
dos consulados. Em São Paulo, o
processo pode ser feito por meio do
envio, por correio, de um formulá-
rio disponível no site (conssanpao-
lo.esteri.it/Consolato_SanPaolo/
pt). Quando for chamado, é preciso
levar a apostila traduzida, pagar
uma taxa de 300 euros e aguardar a
decisão, que demora até dois anos.
Diante da duração extensa do pro-
cesso, os brasileiros buscam tam-

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