Época - Edição 1100 (2019-08-05)

(Antfer) #1

SEGUNDO INTERLOCUTORES,


MONTEZANO QUEREXPIAR


A CULPADO BANCO, ALGO


DOTIPO: "EU,BNDES,LAMENTO


TERAPOIADO A ODEBRECHT"


Além da ausência emdelações, técnicos do
bancoforamisentadospelaOperaçãoBullish,
queanalisouaportesna JBS.OS procuradores
tentaram atribuircrimesa cincofuncionários,
maso juizrejeitoua denúncia contraelesem
maio,afirmando que as evidências "negam
peremptoriamente qualquer interferência, in-
fluência,orientação,pressão,constrangimento
ou direcionamento" nosaportes.
Segundodiversasfontesno BNDES,tam-
bémnãoforam detectados crimespraticados
pormembrosdo bancode desenvolvimentona
investigaçãotocadapeloescritórioamericano
ClearyGottliebsobreo relacionamento com
grupoJ&F,sobencomendado banco.O Cleary
Gottlieb- cujocontratoacabade ser estendi-
do porcausada tramitaçãoda Bullish- deve-
rá concluiros trabalhosaté o fimde outubro.
Hoje,Montezano estáconvencidode que
"é inegávelquea caixa-pretaestáaberta",dis-
se pessoapróximaao presidente.Masele con-
sideraquea sociedadeaindanãoentendeuis-
so. "A gentepecoupor algumasdecisõesno
passado,comoo mandado de segurançacon-
tra o TCU(Tribunal de ContasdaUnião)para
mantersigilosobreoperaçõescoma JBS.Mas
houve um avanço muito grande", afirmou.
"Nositedo banco,o número de informações
é colossal.Masumacoisaé informação,outra
é conhecimento.Nossomoteé mostrarparao
homem médiocomoevoluiua transparência
e mostrar cases.É simplificar os dadose, lógi-
co, apresentarmelhorias.".
Outra potencial fonte de conflito entre
Montezano e os funcionários do B DESsão
seus planos para os Recursos Humanos do
banco. Segundo membro do altoescalãodo
banco,Montezanoquerimplementarumregi-
me de meritocraciana instituição,promovendo
funcionários combaseemdesempenho. Esse,
aliás,seriaumde seusintuitosao criarumadi-
retoriaespecíficade RH.Emboraparcelados
funcionáriosvejaesseformatocomopositivo,
admite-sequehaveráresistência.Alémdisso,
ele teriadissociadoo braçode créditode seto-
resespecíficos,tornando sua estrutura mais
horizontalcomo objetivode incentivaro cor-


CHOQUE DECULTURA 35

po técnicoa miraras diretrizesdo bancocomo
umtodo,nãoapenasas de suasáreas.
Maissensível aindaé a possibilidade de
MontezanoimplementarumProgramade De-
missãoVoluntária (PDV),a exemplodo que
fez nestasemanao Bancodo Brasil.Diantedo
encolhimento dosdesembolsosdo banco,seu
quadro de 2.600 funcionários é classificado
comoinchadopor agênciasde risco.O atual
presidente do conselhode administração do
BNDES,CarlosThadeude Freitas,já defendeu
publicamenteo lançamento de umPDV.Até
agora,Montezanonãose pronunciou sobreis-
so, mastemditoa interlocutores queestáava-
liandoo "redimensionamento" do bancoden-
tro da novaestratégia.
"O bancotemuma cultura muito forte,
que tende a resistir a mudanças. Masuma
partedosfuncionários entende queé o mo-
mento dessanova narrativa, queproporcio-
na maiorceleridade e o moderniza", avaliou
umexecutivo do BNDES.

S


esuaculturaprofissional é outra,Monte-
zanojá contou que,ainda em Londres,
intuiu que "ajudaria" o Brasilpor meio do
BNDES.Emseu relato aosfuncionários, o
engenheiro deua entender quesuapassagem
de trêsanospelacapitalinglesaagiusobreele
comoumaespéciede Estrada paraDamasco
em versãoHarvard BusinessReview.
MontezanodeixouSãoPauloem 2016 pa-
ra trabalhar na Engelhart Commodities Tra-
ding Partners, empresa de operações com
commodities do BTGPactual.Lá, o executi-
vo deparou com a visãonegativa que havia
no exterior sobreo Brasil,quepassavapelo
processode impeachment da entãopresiden-
te, DilmaRousseff.O Brasilerahorrível,de-
sorganizado,semlei, semprincípios,segundo
as críticasqueouviu,umdiscursoqueabalou
seu moral,contouele."Aquilocomeçoua me-
xercomigo. Comecei a pensar: 'O Brasilé
muito ruimmesmo,horrível'. E a vidafoi se
estabelecendo por lá, minha filhamaisnova
nasceulá, eu estavatendo umavidamaravi-
lhosae nãoqueriavoltarparao Brasil."
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