0 MARDOSSARGAÇOS 27
Pequenos bolbos
cheios de gás denomi-
nados pneumatocistos
mantêm o sargaço
a flutuar e perto
da superfície, criando
uma jangada para este
camarão, cuja cor
se assemelha à da sua
alga hospedeira.
DAVID LIITTSCHWAGER
Sargaços a uma fl oresta tropical dourada (ver
ensaio nas páginas 34-35). É uma boa metáfora
porque a alga forma uma espécie de dossel à
superfície do oceano. O sargaço faz-me lembrar
um recife fl utuante ou uma pradaria marinha –
talvez um Serengeti estendendo-se no mar.
As madeixas emaranhadas sustentam uma di-
versidade impressionante de organismos que se
escondem entre a alga enquanto a consomem.
Segundo uma investigação recente, larvas e juve-
nis de 122 espécies diferentes de peixe, bem como
tartarugas marinhas recém-nascidas, nudibrân-
quios, cavalos-marinhos, caranguejos, cama-
rões e gastrópodes recorrem a esta fonte alimen-
tar. Por sua vez, a alga é alimentada pelos excre-
mentos destes organismos.
Criaturas maiores, como peixes e tartarugas,
encontram muito para comer no meio do sar-
gaço e atraem predadores maiores, como o pei-
xe-porco ou o lobote, entre outros, subindo na
cadeia alimentar até aos tubarões, atuns, cava-
las-da-índia e espadins ou marlins. Rabos-de-
-palha, cagarros, painhos, garajaus e outras aves
do oceano aberto empoleiram-se nos tapetes de
sargaço e comem neles.
As duas espécies de sargaço predominantes no
Mar dos Sargaços são as únicas algas do mundo que
não começam a vida presas ao fundo do mar. Como
vivem sem amarras, os tapetes translúcidos de to-
nalidades douradas e âmbar vogam ao capricho dos
ventos e das correntes, sendo separados por tem-
pestades e reagrupando-se em mares mais calmos,
com as extremidades coladas como velcro. As mas-
sas de algas têm dimensõesvariáveis:algumastêm
quilómetros de comprimentoe outrastêmo tama-
nho de uma só mão. (Continua na pg. 32)