32 NATIONALGEOGRAPHIC
Sargaço emaranhado
em cordas fornece
sombra e abrigo ao
peixe-porco. Detritos
humanos, desde paletes
de transporte a caixas
de plástico, podem
tornar-se plataformas
flutuantes nas quais a
vida floresce, mas o
plástico é particular-
mente nocivo para
muitas espécies.
DAVID DOUBILET
“Até nesses pequenos molhos existem orga-
nismos associados”, diz Jim Franks, cientista
especializado em sargaço do Laboratório de In-
vestigação da Costa do Golfo da Universidade
do Sul do Mississípi. A vida associada ao sarga-
ço precisa de adaptar-se constantemente à agre-
gação e desagregação das ilhas que a nutrem.
O sargaço, diz Jim, “é um dos habitats marinhos
mais dinâmicos que se podem imaginar”.
HÁ MUITO QUE O MAR DOS SARGAÇOS se encontra
envolto em mistério. Os marinheiros do século
XVIII referiam-se a esta zona do Atlântico como
as latitudes do cavalo porque, assim reza a histó-
ria, os navios paravam e os cavalos tinham de ser
atirados ao mar à medida que a água potável era
consumida. Além disso, o Mar dos Sargaços sobre-
põe-se à região mítica conhecida como Triângulo
da Bermudas, onde, segundo se diz, navios e
aviões desapareceram sem deixar rasto.
Em diversas saídas, procurámos grandes ta-
petes de sargaço para explorar. Não os encon-
trámos em parte alguma. “Há dias em que não
vemos nenhum”, comentou um velho pescador.
“Depois, acordamos na manhã seguinte e as
baías e portos estão cheios deles.”
Noutros dias, tivemos mais sorte, apanhando
molhos de sargaço com as redes e separando-os
em baldes, em busca de animais marinhos para
o fotógrafo David Liittschwager documentar.
Ao virar um pedaço, vi uma pequena criatura
parecida com um sapo com uma grande boca e
apêndices semelhantes a ervas: era um peixe-
-sapo, um de mais de uma dezena de organis-
mos que evoluíram de modo a assemelhar-se às
algas. Usando as minúsculas barbatanas peito-