Banco Central do Brasil
Jornal O Globo/Nacional - Economia
Wednesday, March 2, 2022
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central
implementadas', disse a empresa em nota.
A Mastercard já havia se manifestado na véspera:
'Como resultado de exigências resultantes de sanções,
nós bloqueamos diversas instituições financeiras de
usar o sistema de pagamento da Mastercard. Nós
vamos continuar a trabalhar com reguladores nos
próximos dias para cumprirmos integralmente com
nossas obrigações de conformidade à medida que elas
evoluem', informou.
Para Antonio Corrêa de Lacerda, professor doutor de
pós-graduação em Economia pela PUC-SP e presidente
do Conselho Federal de Economia, a intensidade do
movimento surpreende: - Trata-se de um bloqueio
inédito, especialmente na fase pós-globalização da
economia mundial, a partir dos anos 1990. Até há bem
pouco, o que assistimos foi a uma crescente
interconexão das transações internacionais, a despeito
das disputas geopolíticas e econômicas entre os países.
Temos que considerar que as sanções poderão ser
temporárias, usadas como instrumento de pressão para
uma eventual solução negociada.
O receio de isolamento é real. Tão logo o espaço aéreo
europeu foi fechado para voos da Rússia, muitos russos
correram para reservar bilhetes nos poucos voos
internacionais em operação. A dimensão da
deterioração da economia ainda é uma incógnita, após
aumento de juros, derrocada do rublo e medidas de
controle de capital. 'Eu entrei em pânico', disse a
proprietária de uma pequena agência de publicidade em
Moscou, Azaliya Idrisova, de 33 anos. Ela disse que
planeja partir para a Argentina nos próximos dias e não
estava segura se os clientes iriam conseguir pagar
pelos serviços.
Além da questão de imagem que o conflito impôs, as
empresas agiram em linha com a maior dificuldade para
negociar com a Rússia em razão das sanções
econômicas. Bancos russos foram retirados do sistema
de pagamento internacional Swift e o acesso do Banco
Central da Rússia a boa parte de suas reservas foi
vetado. Esse quadro encorajou empresas a romperem
parcerias e cancelarem dezenas de bilhões de dólares
em investimentos.
NEM MESMO O BATMAN No setor automotivo, a
Harley-Davidson é a mais recente a suspender negócios
e remessas de motos para o país, um movimento que já
tem a adesão de General Motors e Daimler Truck
Holding AG. Muito antes do conflito, em 2010, Putin foi
fotografado andando em uma Harley-Davidson ao se
juntar a um encontro de motociclistas na Ucrânia. À
Europa é o segundo maior mercado para a empresa.
A BMW anunciou ontem a suspensão da exportação de
seus carros para o país. À companhia disse esperar que
a produção sofra interrupções em consequência de
gargalos na cadeia de fornecedores. 'Pela situação
geopolítica atual, estamos descontinuando nossa
produção local na Rússia e as exportações para o
mercado russo', disse a BMW em nota.
Nem mesmo o lazer será o mesmo no país após a
invasão. As principais empresas de entretenimento de
Hollywood, incluindo Disney e WarnerMedia,
interromperam os lançamentos de filmes na Rússia. A
Disney adiou a estreia de 'Turning Red' (Red: Crescer é
uma Fera, em português) sobre uma garota que se
torna um panda gigante vermelho sempre que fica
animada. O filme estreia nos EUA em 11 de março. A
WarnerMedia adiou o lançamento do novo Batman,
estrelado por Robert Pattinson como o super herói. A
Sony suspendeu o lançamento de Morbius, um spin-off
do Homem Aranha estrelado por Jared Leto. (Do New
York Times, com agências internacionais e Henrique
Gomes Batista)
'Trata-se de um bloqueio inédito, especialmente na fase
pós-globalização da economia mundial, a partir dos
anos 1990. Até há bem pouco, o que assistimos foi a
uma crescente interconexão das transações
internacionais, a despeito das disputas geopolíticas e
econômicas entre os países'
Antonio Correia de Lacerda, presidente do Conselho
Federal de Economia