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Jornal Correio Braziliense/Nacional - Opinião
Wednesday, March 2, 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Jornais, revistas, livros e boa parte da mídia em todo o
mundo, de repente, passaram a se interessar pela
biografia de Vladimir Putin. Na verdade, o que muitos
estão fazendo é buscar conhecer quem é esse
personagem e o que tem feito até aqui, para entender
até onde ele irá nessa sua nova empreitada, regada a
sangue de invasão à vizinha Ucrânia e que possíveis
planos prepara, posteriormente, para saciar sua sanha
de recriação do antigo poderio da União Soviética.
Ao contrário do que muitos historiadores fazem ao ir
pesquisar na fonte os documentos que necessitam para
compor seus relatos, no caso de Putin, a metodologia
tem que ser outra. De fato, em relação ao russo, fica
difícil, se não impossível, nessa altura dos
acontecimentos, encontrar qualquer documento oficial
que indique quem é esse indivíduo que governa o maior
país da Europa com mão de ferro desde 1999.
Até mesmo a ONG Memorial Internacional, fundada em
1989 para apurar fatos e crimes contra os direitos
humanos pelos governos russos, apesar do trabalho de
alto nível que vinha realizando, angariando respeito e
admiração mundo afora, foi fechada por ordem de Putin,
acusada de criar uma imagem distorcida da União
Soviética, prejudicando a memória 'sagrada dos russos'
durante a Segunda Grande Guerra.
Os documentos oficiais que traçam uma biografia de
Putin foram, todos eles, 'maquiados' e suavizados para
emprestar ao líder supremo uma imagem de
intocabilidade. Para pesquisadores ingleses e alemães
que têm ido em busca de decifrar esse personagem,
Putin chegou ao comando do país pelas trilhas mal
afamadas da KGB, a temida e eficaz organização de
serviços secretos da antiga União Soviética, criada em
1954 e extinta, oficialmente, em 1991.
Por sua capacidade em cumprir as mais duras missões,
principalmente a eliminação de suspeitos e outros
oponentes ao regime, com frieza e precisão, logo
ascendeu dentro da organização. Dali para a política,
sob a sombra de Boris Iéltsin, foi um pulo. À crise
desencadeada com a invasão da Ucrânia acendeu nos
pesquisadores o desejo de escanear a vida desse
mandatário, como meio de antever suas pretensões
futuras e quiçá, livrar o mundo e a Europa de novas e
nefastas surpresas.
O congelamento de recursos da Rússia, dentro das
medidas de retaliações contra a invasão da Ucrânia,
mira secretamente na verdadeira fortuna estimada pela
mídia, por baixo, em U$ 200 bilhões, que Putin e os
oligarcas sob sua proteção, ainda segundo notícias,
teriam desviados do país.
A oposição russa, pelo menos aquela que ainda não foi
envenenada, diz que Putin possui pelo menos US$ 40
bilhões mantidos secretamente fora do país. O fato é
que a corrupção, uma praga que conhecemos muito
bem, também é um flagelo que acompanha a história da
Rússia, sendo mais significativa após a dissolução da
União Soviética em setembro de 1991.
Compreender a trajetória do homem e sua história ajuda
a assimilar parte significativa de suas ações, facilitando
no entendimento geral de toda a conjuntura,