Universidade de Brasília: linda, necessária e sexagenária
Banco Central do Brasil
Jornal Correio Braziliense/Nacional - Opinião
Wednesday, March 2, 2022
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: ISAAC ROITMAN » ALDO PAVIANI
A capital do Brasil foi transferida do Rio de Janeiro para
o Planalto Central em 21 de abril de 1960. Dois anos
depois, Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira criavam a
Universidade de Brasília (UnB) e seu campus ocupou
área na Asa Norte, próximo às quadras habitacionais
- Em 2022, estamos comemorando 60 anos de sua
criação que, nos casamentos, são celebrados como
bodas de diamante. O diamante é o mais duro material
de ocorrência natural que se conhece. À UnB é
destaque entre as universidades públicas, linda e
resistente, como a pedra preciosa.
É importante, quando celebramos os 60 anos de nossa
querida universidade, revisitar alguns percalços, como
os das ocupações de militares na UnB nas décadas de
1960/70. Em 1965, 15 professores foram demitidos, por
terem se manifestado de forma subversiva durante uma
assembleia. Houve uma histórica reação, 223 dos 305
professores demitiram-se em seguida. O professor
Roberto Salmeron registrou em seu livro A Universidade
interrompida: Brasília 1964-1965 (Editora UnB), os
acontecimentos tristes desse episódio. Nos anos de
chumbo, estudantes foram presos e mortos como o líder
estudantil Honestino Guimarães. Esse fato foi aqui
registrado para que nunca mais um sacrossanto espaço
da ciência, cultura e tecnologia passe por situação
semelhante. Pelo contrário, nos enchemos de orgulho
para lembrar que a UnB superou esse triste episódio.
Passado o período de ocupação, as atividades voltaram
ao normal: salas de aula funcionando e o trânsito no
campus se dava sem nenhum percalço.
Os departamentos foram expandindo atividades:
contratação de novos professores e técnicos
administrativos e ampliando as atividades no ensino, na
pesquisa e na extensão.
De sua fundação até hoje, a UnB conquistou avanços
em todas as áreas do conhecimento e ampliou seus
câmpus, hoje presente, no Gama, na Ceilândia e
Planaltina, ficando mais próxima dos estudantes e
promovendo a ciência, as artes e a cultura nas regiões
administrativas indicadas. Pode-se, por isso, afirmar que
o saber ficou mais próximo de muitos milhões de
habitantes do Distrito Federal, um avanço significativo
que preenche um louvável espaço geográfico detentor
da mais expressiva população do território, a periferia
do Plano Piloto, onde está o câmpus central Darcy
Ribeiro. Essa expansão da UnB para fora de seu centro
geográfico. No futuro, dependendo de recursos, a
universidade terá instalações na periferia da Área
Metropolitana de Brasília (AMB), aproximando os
estudantes locais que não necessitariam fazer longos
percursos periferia-centro para assistir às aulas ou fazer
pesquisas e pós-graduação. Assim acontecendo, a UnB
será uma instituição que atende item importante dos
direitos humanos e o acesso à educação de alta
qualidade.
Ao correr do tempo, outros avanços no futuro deverão
acontecer. Novas iniciativas podem ter alguma rapidez,
na dependência de aportes de recursos federais. Essas
verbas não podem tardar ou, melhor, devem ser
disponibilizadas à medida da demanda da
administração universitária. Igualmente, o ingresso de