Clipping Jornais - Banco Central (2022-03-02)

(Antfer) #1

Aumenta desgaste entre Petrobras e Bolsonaro


Banco Central do Brasil

Jornal Correio Braziliense/Nacional - Economia
Wednesday, March 2, 2022
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

Click here to open the image

Autor: » FERNANDA STRICKLAND


A elevação dos preços do petróleo no mercado
internacional, em função da guerra na Ucrânia,
aumentou o desgaste entre o presidente Jair Bolsonaro
(PL) e a Petrobras. O chefe do Executivo tem
pressionado a estatal para que a alta não seja
repassada aos preços dos combustíveis nesse
momento, embora as cotações do petróleo já tenham
chegado a US$ 105 e, na previsão de analistas, podem
ultrapassar o recorde de US$ 147, 50 por barril
alcançado em 2008.


A disparada dos preços é reflexo das sanções
econômicas impostas à Rússia por nações ocidentais
após a invasão à Ucrânia. O país é detentor da oitava
maior reserva de petróleo no mundo, e deve reduzir a
oferta a curto prazo. Com a alta das cotações, segundo
especialistas do setor, a defasagem dos preços no
Brasil em relação ao exterior deve crescer,
pressionando a Petrobras para reajustar os valores
cobrados no mercado interno. No caso da gasolina, a
diferença é de R$ 0, 50 por litro. A última vez em que a
estatal modificou a tabela de preços foi em 12 de


janeiro.

Na última semana, em evento no Palácio do Planalto,
Bolsonaro aproveitou seus minutos de discurso para
criticar a direção da Petrobras. 'O diretor ganha R$ 110
mil por mês. O presidente, mais de R$ 200 mil por mês
e, no final do ano, ainda tem alguns salários
bonificados. Os caras têm que trabalhar. Têm que
apresentar a solução e mostrar o que está
acontecendo', disse o mandatário. 'Ah, a gasolina tá
alta... Cai no meu colo. Eu não tenho como interferir na
Petrobras, mas cai no meu colo', disse, isentando-se de
responsabilidade.

O professor do Departamento de Economia da
Universidade de São Paulo (USP), Simão Silber,
comentou que as diferenças entre o presidente da
República e a Petrobras não tem razões econômicas,
mas políticas. 'Sendo este um ano eleitoral, e o
presidente candidato à reeleição, o aumento no preço
dos combustíveis tem um efeito desfavorável sobre a
popularidade de Bolsonaro, que já está ameaçada pela
inflação alta, pela chegada do Lula e a possibilidade de
uma terceira via, que ainda está em gestação', afirmou.

Segundo Silber, o presidente e sua equipe devem criar
algum tipo de subsídio para segurar os preços. 'O
ministro da Economia, Paulo Guedes, já declarou que
aceitaria um subsídio de até R$ 20 bilhões este ano
para conter o preço do diesel', observou. De acordo com
o professor, 'o Brasil está muito mal posicionado para
enfrentar o aumento rápido do preço do petróleo'.

À medida que o Brasil depende da importação de
derivados de petróleo, dada a condição restrita de
refino, fica sujeito às condições de oferta no mercado
mundial e à variação do dólar. Segundo Otto Nogami,
professor de economia do Insper em função da nova
crise externa, a moeda norte-americana se valoriza e os
preços dos derivados de petróleo aqui no país tendem a
aumentar para cobrir os custos de produção e
comercialização. 'A Petrobras depende da importação
destes itens para poder abastecer o mercado
Free download pdf