Cenário econômico em 2022 pode desacelerar investimentos no setor
Banco Central do Brasil
Jornal O Estado de S. Paulo/Nacional - A Fundo
Wednesday, March 2, 2022
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A oferta apertada de galpões logísticos de alto padrão
pode ter algum alívio neste ano com a entrega de mais
um volume recorde de novas áreas. A expectativa é de
que 3, 8 milhões de metros quadrados (m?) estejam
disponíveis no mercado para locação em 2022. Deste
total, mais da metade (54%) se concentra no Estado de
São Paulo.
Na sequência, estão os Estados de Minas Gerais (13,
5%), Rio de Janeiro (9%), Pernambuco (7, 6%), Bahia
(4%), enquanto Santa Catarina, Espírito Santo, Pará,
Ceará, Rio Grande do Sul e Goiás têm fatias abaixo de
2%, conforme aponta levantamento da SiiLA, empresa
especializada em pesquisa de mercado.
INCERTEZA. 'A questão é saber se haverá demanda
para absorver esses 4 milhões de m?, uma área 70%
maior do que foi ofertada em 2021', alerta o CEO da
SiiLA, Giancarlo Nicastro. Ele argumenta que a logística
existe para atender ao consumo, que anda cada vez
mais afetado pelo aumento da inflação e a perda de
poder de compra do brasileiro. E, coma perspectiva de
que este será um ano de baixo crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB), na faixa de 0, 30%, conforme o
mais recente Boletim Focus do Banco Central, a
incerteza aumenta.
Até o terceiro trimestre do ano passado, por exemplo,
75% dos galpões no País estavam sendo entregues
pré-locados, aponta a pesquisa. Mas, no trimestre
seguinte, essa marca caiu para 50%. 'Diminuiu a pré-
locação por causa da grande entrega. Se essa
tendência continuar, muitas áreas podem ser entregues
vazias, e a taxa de vacância poderá subir', diz Nicastro.
Atento a esse risco, Rafael Fonseca, CFO da Bresco
Investimentos, diz que está redimensionado os
investimentos deste ano por causa da conjuntura
econômica de baixo crescimento e do consumo afetado
pela alta da inflação.
Hoje a empresa tem 11 galpões, mais da metade deles
em São Paulo, e 72% das propriedades voltadas para o
'last mile' (última milha). São aqueles galpões menores,
localizados dentro das cidades e que fazem a ponte
entre os grandes centros de distribuição do varejo e o
endereço do consumidor final.
Com a disparada do e-commerce, a companhia viu a
disponibilidade de suas áreas vagas para locação cair
para zero em praças como as capitais Belo Horizonte,
Salvador e Porto Alegre, algo que sempre foi comum
em São Paulo.
'O setor de e-commerce já teve muito do seu plano
atendido momentaneamente', afirma o executivo. Por
isso, a meta inicial, que era dobrar 1 milhão de metros
quadrados geridos pela empresa em três anos, foi
estendida para cinco anos. A previsão de Fonseca é de
que o mercado desacelere no curto prazo, mas no
médio elongo prazo retome o crescimento.
TRANSIÇÃO. Com o isolamento social imposto pela
pandemia de covid-19, as vendas do e-commerce
cresceram no ano passado 35, 36% na comparação
com 2020, segundo pesquisado Morgan Stanley. O
setor respondeu por 15% das vendas do varejo total.