Voluntariamente, dezenas de companhias deixam a Rússia
Banco Central do Brasil
Jornal Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
Wednesday, March 2, 2022
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Autor: Thiago Bethônico e Luiz Antonio Cintra
SÃO PAULO - As sanções econômicas que a Rússia
vem sofrendo após invadir a Ucrânia não estão sendo
aplicadas apenas por países e organizações
internacionais. Diante da escalada bélica dos últimos
dias, as retaliações passaram a vir também do setor
privado.
Grandes multinacionais ocidentais de diversos setores
fecharam operações locais, suspenderam negociações
com companhias russas e anunciaram a retirada de
investimentos diretos no país.
Empresas como Shell e BP abandonaram negócios
bilionários na Rússia, enquanto gigantes dos
transportes, como MSC e Maersk, suspenderam
remessas. Os clientes da Apple não podem fazer
compras na versão russa da loja online, que mostra
produtos como os últimos iPhones como 'indisponíveis
no momento'.
O governo de Vladimir Putin, por sua vez, baixou hoje
um decreto proibindo os estrangeiros de vender ativos
russos, com a intenção de ganhar tempo e dificultar a
saída dos investidores. E ainda dá argumentos às
empresas, particularmente às de capital aberto, para
justificar a permanência na Rússia.
A debandada das companhias adiciona ainda mais
pressão ao caldeirão econômico russo que, diante de
sanções sem precedentes, viu o rublo cair para mínimos
recordes, obrigando o banco central do país a dobrar
sua taxa de juros.
A interrupção dos negócios com a Rússia não é
necessariamente um posicionamento contra a guerra.
Os anúncios vêm de grupos empresariais que buscam
equilibrar o impacto em suas reputações, minimizando a
exposição às pesadas sanções ocidentais.
Entre as companhias brasileiras, a catarinense WEG,
fabricante de motores elétricos listada na B3, a Bolsa
de Valores brasileira, é uma das que têm mais
investimentos no território russo.
Operando através da subsidiária WRU, em setembro
passado anunciou investimentos na Sibéria, onde abriu
escritório na cidade de Novosibirski.
Também no ano passado, a WRU anunciou a venda de
um motor de grande porte, encomendado pela maior
mineradora de ouro da Rússia, capaz de operar em até
-50º C.
Por fazer parte dos principais rankings de ESG
(ambiental, social e de governança, na sigla em inglês),
a WEG está entre as empresas de capital aberto que
agora, segundo analistas do mercado, serão
pressionadas por investidores e empresas de rating a
respeito dos negócios na Rússia.
Procurada, a WEG não havia se manifestado até a
publicação desta reportagem.
Gigantes do petróleo estiveram entre as primeiras a
anunciar que encerrariam operações russas. A Shell vai