Ana Maria - Rdição 1190 (2019-08-08)

(Antfer) #1

| Sinta & liga |


WAL REIS
é jornalista, profissional
de comunicação
corporativa e escreve
sobre comportamento^
e coisas da vida.

O


mundo está ficando meio chato.
Com mulheres empoderadas,
homens que devem pensar
duas vezes antes daquela cantada,
gays e negros com quem precisamos
medir palavras. As relações caminham
para o insípido. A espontaneidade fica
restrita a grupos fechados e olha lá.
Penso na necessidade disso. Mulheres,
por exemplo, não ficam empoderadas
com discurso, mas com atitudes. O
empoderamento vem da certeza de ser
apta para ocupar o espaço devido no
trabalho, na família, na comunidade.
Afinal, vamos ascender por sermos
capazes ou por termos nascido sob a
égide do cromossomo X?
Agora, claro: achacar alguém por meio
de assédio moral ou sexual não dá para
tolerar. A maioria dos habitués desse tipo
de prática já está ciente de que a chance
de sair impune diminui na medida em
que a sociedade fica menos tolerante.
Mas e as cantadas, aquelas lindas? As
primeiras intenções de um caminhão
de adoráveis segundas intenções?
Não mais? Poxa, não dá para usar o
empoderamento do parágrafo anterior e
FOTO: GETTY IMAGESse esquivar de uma investida lícita, mas ARQUIVO PESSOAL


Por


RELAÇÕES


menos


cheias


de dedos


e mais


CHEIAS DE


ABRAÇOS


O respeito
mora no abraço
apertado, no
aperto de mãos
sincero e,
principalmente,
no olhar
que não vê
gênero, cor,
raça ou
preferência
sexual. Mas
só vê gente

não bem-vinda? Sair pela tangente? É
necessário anular todas as tentativas de
seduzir por conta de uma meia dúzia de
sem noção?
E eu nunca vou ter orgulho por
ter amigos gays ou negros. Eu tenho
orgulho de ter amigos. Amigos que vou

mandar para locais inóspitos em bom
português quando me encherem o
saco, sem medo de ser enquadrada
em nenhuma lei do código penal. E
que nunca vão me apontar o dedo
do preconceito porque sabem que
estão indo à merda não por serem
homossexuais ou de etnias distintas,
mas porque, assim como o amor não
faz distinção, a raiva também não.
Vamos tentar levar a vida um
pouquinho mais na esportiva,
minimizando situações corriqueiras e
dando luz ao que realmente importa.
Porque o respeito não mora nas
palavras caladas. O respeito mora no
abraço apertado, no aperto de mãos
sincero e, principalmente, no olhar que
não vê gênero, cor, raça ou preferência
sexual. Mas só vê gente.

Envie suas perguntas para Thiago Vieira pelo e-mail [email protected] suas perguntas para Wal Reis pelo e-mail [email protected]

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