Cláudia - Edição 695 (2019-08)

(Antfer) #1

104 claudia.com.br agosto 2019


Vida prática


conhecer


Busque se


Uma saída para atenuar a sensação de
culpa é entender que muitos de nossos
sofrimentos são culturais, não vêm de
desejos pessoais, mas da educação que
recebemos e das pressões impostas pela
sociedade. “Acabamos internalizando esses
pensamentos”, destaca Mirian. Fazer
terapia e cursos e ler livros que levem ao

autoconhecimento ajuda a distinguir
nossas expectativas das dos outros. A
psicóloga Rogéria sublinha a importância
de, nesse processo, desenvolver
autocompaixão para aceitar limitações,
porém sem se deixar cair no conformismo.
“É cuidar para não buscar padrões
irrealistas que nem sequer são nossos.”

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NÃO SE COMPARE
COM OS OUTROS
A securitária Tatiana Rosa Pinheiro
Kusaba, 37 anos, mãe de Rubens,
5 anos, e Rebeca, 8, fala da culpa como
velha companheira. Uma das razões
é a comparação constante com a própria
mãe. “Ela é do lar, sempre cuidou de
tudo. Lavava os uniformes, passava as
camisas do meu pai, fazia o jantar”,
recorda. Comandando mais de 40
funcionários, Tatiana precisa se lembrar
diariamente de que é impossível dar
conta do cuidado da família com o
mesmo zelo. “Ainda assim, às vezes vejo
que o uniforme da minha filha está
descosturado e penso: ‘Meu Deus, que
tipo de mãe sou eu? O que as outras vão
achar de mim?’.” A psicóloga Rogéria
sugere interromper esse tipo de
julgamento e, em vez de focar no outro,
usar critérios pessoais para avaliar seu
desempenho. Entenda quais são seus
objetivos e como você está se
aproximando deles, de que maneira
você está trilhando o caminho em
direção à pessoa que quer se tornar.
“Qualquer tentativa de equiparação
com o próximo é injusta. Ele
tem diferentes condições, metas
e características”, conclui Rogéria.

REDUZA EXPECTATIVAS
O perfeccionismo é um grande disparador de culpa. A boa notícia
é que ninguém consegue realizar todas as tarefas com 100%
de aproveitamento. “O perfeito não existe, mas, sim, o possível,
o necessário dentro de certas condições”, pontua Rogéria
Taragano, psicóloga clínica e colaboradora do Instituto de
Psiquiatria da Universidade de São Paulo. Aceite que, em alguns
momentos, você vai priorizar o aspecto profissional da sua vida e,
em outros, o familiar. “A culpa é consequência de acharmos que
deveríamos ser completas, mas não somos. Se pudermos admitir
que sempre fazemos escolhas e que ficamos divididas com
nossos desejos, que nem sempre somos coerentes, pacificamos
um pouco mais a rotina”, acrescenta a psicanalista Sandra.

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RESPEITE SEU CORPO
Há dias em que a culpa é por não ter ido à academia ou por ter
comido um brigadeiro no meio da dieta. Vamos com calma. Caso
a preocupação seja com a saúde, admita que não é um único
dia que fará um estrago e compense depois. Se for por motivos
estéticos, reflita se o corpo idealizado pela sociedade é realmente
um desejo seu. “Muitas pessoas têm uma preocupação grande
em relação ao olhar do outro. Quando a autoestima é baixa, o
foco fica centrado na aprovação externa”, afirma Rogéria. “Trazer
o olhar para si mesma, para os próprios objetivos e sonhos,
é muito importante.” A partir daí, encare a figura refletida no
espelho com uma dose de bondade e de permissividade.
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