Cláudia - Edição 695 (2019-08)

(Antfer) #1

106 claudia.com.br agosto 2019


Saúde


Caracterizada por uma exaustão que não cessa com


repouso, a síndrome da fadiga crônica desafia médicos


e pacientes. A condição, que é mais comum em


mulheres, costuma aparecer após uma gripe ou infecção


POR MAURÍCIO BRUM E SÍLVIA LISBOA COLABOROU JUAN ORTIZ

os últimos anos, Joyce*
vinha sentindo uma
dificuldade enorme
para realizar tarefas
diárias. Arquiteta com
mais de três décadas de carreira,
precisou fechar o escritório. Por muito
tempo, se esforçou para ir às obras e
atender os clientes, mas chegava ao
final do expediente acabada. “Era
como se tivesse sido atropelada por
um caminhão”, recorda a porto-
-alegrense de 65 anos. Preocupada,
foi atrás de ajuda médica nas mais
diversas especialidades, tomou anti-
depressivos e fez reposição hormonal.
Nada ajudou. “Minha cabeça sempre
funcionou muito bem. Sabia que era
algo físico”, relata. Há três anos, um
clínico geral começou a suspeitar
de que se tratava de uma condição
atípica. O diagnóstico, porém, viria

N


CANSAÇO


SEM TRÉGUA


apenas após ter descartado todas
as outras hipóteses. O último teste,
para verificar um possível distúrbio
do sono, consistia em ficar dias intei-
ros sem fazer nada e, depois, passar
uma noite na clínica sob observação.
Mesmo assim, ela acordava cansa-
da. O veredito chegou, finalmente,
no início deste ano. Joyce sofre de
síndrome da fadiga crônica (SFC),
também chamada de encefalomielite
miálgica, doença rara, de causas
desconhecidas, caracterizada pela
exaustão extrema – que não passa
com repouso nem depois de noites
bem-dormidas –, dores nos músculos
e na garganta, gânglios inchados,
além de lapsos de memória. Embora
tratável, ainda não tem cura. “Suga
a energia”, resume Joyce. É comum
os pacientes reportarem que sentem
o corpo entrar em curto-circuito. *Nome trocado para preservar a identidade da entrevistada
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