Cláudia - Edição 695 (2019-08)

(Antfer) #1

116 claudia.com.br agosto 2019


EM PESQUISAS NO ENSINO MÉDIO,
JULIANA ESTRADIOTO USOU FRUTAS
PARA CRIAR PLÁSTICO ECOLÓGICO

Uma foto de Juliana Davoglio Estradioto
viralizou nas redes sociais em maio
passado. Com misto de choro e riso de
alegria, ela reagia ao anúncio de que
sua pesquisa havia ganhado o primeiro
lugar na premiação da Intel International
Science and Engineering Fair (Iself), na
cidade americana de Phoenix. Antes,
havia vencido a categoria de ensino médio
do Prêmio Jovem Cientista, do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), entre outros

JULIANA ESTRADIOTO | INOVAÇÃO E CIÊNCIAS


“Gostaria que


outros jovens


tivessem a


oportunidade


de se apaixonar


pelas ciências no


ensino médio”


JULIANA ESTRADIOTO, estudante

reconhecimentos para adolescentes
cientistas. Como recompensa, um
asteroide receberá seu sobrenome, será
assistente de pesquisa no renomado
Instituto Technion, em Israel, e assistirá
à cerimônia de entrega do Prêmio
Nobel, na Suécia – isso tudo antes de
ingressar na faculdade. Moradora de
Osório, município de 45 mil habitantes
a 100 quilômetros de Porto Alegre,
a jovem não tinha ideia do seu
potencial para as ciências até iniciar os
estudos nos laboratórios parcialmente
improvisados do Instituto Federal do
Rio Grande do Sul (IFRS). “Foi uma
surpresa poder fazer pesquisa no ensino
médio”, lembra. A primeira iniciativa
surgiu em um projeto de extensão que
apoiava a agricultura familiar. Juliana
se sentiu incomodada com o volume
de material orgânico rejeitado sem
reaproveitamento. “As ciências são
uma ótima forma de ajudar as pessoas
e o planeta. Quando entendi isso,
comecei a dar espaço às minhas ideias.”
Após meses de pesquisa, descobriu o
potencial da casca de maracujá para
a produção de embalagens plásticas.
Em seguida, desenvolveu um método
para despoluir a água contaminada por
corantes têxteis usando a semente da
fruta. Por último, sabendo que alguns
microrganismos criam membranas que
substituem tecidos sintéticos, investigou
o potencial da casca da macadâmia
para produzir material sustentável. A
recepção que teve após seus estudos
ultrapassarem os muros do colégio
público a motivou a incentivar outros
jovens. “Gostaria de estudar, além
de química e biologia, comunicação
para disseminar tudo isso”, conta
empolgada. Atualmente, ela se
empenha para cursar uma universidade
americana, onde terá garantia de
estrutura para executar suas pesquisas.
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