Cláudia - Edição 695 (2019-08)

(Antfer) #1

26 claudia.com.br agosto 2019


Tratamentos


variados, desde combater o cansaço
até ajudar no emagrecimento. Depois
de três sessões, uma por semana, já
é possível notar a melhora.”
A diferença entre as clínicas vitamin
drips e a soroterapia praticada pelos
médicos costuma ser o direcionamento
mais preciso. Liliane Oppermann,
médica nutróloga, pratica o protocolo
em seu consultório, mas também é
responsável técnica da Reviv, a primeira
dessas clínicas a chegar ao Brasil. Nesta
última, as combinações oferecidas têm
foco no bem-estar e na recuperação
da vitalidade. “Os tipos e as doses de
nutrientes variam, mas são baixas e
seguras, e o soro só é administrado
após o paciente responder a um ques-
tionário detalhado e medir a pressão,
para verificar suas condições”, afirma.
“Apesar de a Reviv estar funcionando
há apenas dois meses, já recusamos
pessoas por avaliar que o risco superava
o benefício.” Já em seu consultório,
Liliane trabalha com infusões mais
customizadas. Faz, antes de tudo, uma
investigação sobre a saúde do paciente,
que inclui não só uma boa anamnese
como também exames laboratoriais.
“Com esse check-up, podemos identificar
deficiências nutricionais e definimos que
tipo de suplementação é necessária”,
complementa Bruno.

PERIGO À ESPREITA
Há riscos, claro. A terapia, afinal, leva
diretamente para a corrente sanguínea
uma quantidade expressiva de nutrientes
variados, que podem não ser aceitos
pelo organismo. “É raro, mas possível,
haver reações alérgicas, inflamatórias
e mesmo imunológicas”, alerta Celso
Cukier, médico nutrólogo do Hospital
São Luiz e diretor do Instituto de Me-
tabolismo e Nutrição, em São Paulo.
“E não dá para garantir que não ocor-
rerá nenhum tipo de contaminação,

o que pode levar a infecções. Aderir
à injeção de coquetéis vitamínicos
e minerais não é tão simples quanto
começar a tomar suco verde. Deve-se
ter muito cuidado com essa prática.”
A modelo e influenciadora americana
Kendall Jenner é uma das adeptas que
descobriram, da pior forma possível, a
probabilidade de o vitamin drip dar
errado. Foi hospitalizada no início do
ano passado após se sentir mal em
uma sessão de soro na veia.
Efeitos colaterais também podem
ocorrer. “Náusea e dor de cabeça, em
geral passageiras, são eventualmente
relatadas por pacientes”, afirma
Esthela. Bruno alerta ainda que é
preciso respeitar casos em que a
terapia é completamente contraindi-
cada. “Quem tem insuficiência renal
ou cardíaca, por exemplo, não deve
se submeter ao tratamento de jeito
nenhum”, frisa o médico.

“Terminei o ano passado extremamente cansada. Tenho uma rotina
profissional corrida, um filho de 6 anos e estava exausta a ponto de
não querer fazer nada. Procurei um médico com a certeza de que tinha
algum problema de tiroide, mas os exames apontaram déficit
nutricional. Comecei o tratamento em março com um pouco de
ceticismo e até de receio. Tirando o incômodo da picada da agulha e
de uma leve dor de cabeça – que senti só após a primeira sessão –, foi
positivo. Estou bem mais disposta. Foram dois meses de aplicações
semanais. Agora faço manutenções mensais. Valeu a pena.”
Patrícia Vasconcellos Ferreira, 36 anos, gerente de marketing

“No início deste ano, tive uma daquelas gripes que não saram
nunca. Como trabalho muito na época do Carnaval, fiquei
preocupada. O médico me recomendou um tratamento de dois
meses à base de soro, um composto de vitamina B e C, magnésio,
ferro e outros nutrientes. Comecei a me sentir melhor logo
na primeira sessão. Atravessei o Carnaval sem problemas;
a soroterapia me salvou.” Tábata Boccatto, 37 anos,
empresária da área de comunicações

Elas fizeram


Até mesmo sobre os resultados há
controvérsias. Enquanto os praticantes
da técnica defendem com segurança
os benefícios, os mais céticos, como
Celso, questionam a eficácia do método.
“Uma coisa é, após um diagnóstico
médico, prescrever um aporte de
ferro ou de vitaminas do complexo B
para quem está anêmico ou é vegano
e tem carência desses ativos. Mas
essa soroterapia mais genérica, à
base de coquetéis de nutrientes, pode
até proporcionar mais hidratação,
equilibrar a pressão sanguínea e
trazer um bem-estar momentâneo,
mas dificilmente produzirá respostas
específicas e duradouras.” Em outras
palavras, a receita para ter energia
parece continuar morando onde
sempre esteve: no tripé formado
por estado emocional equilibrado,
prática regular de exercícios e, claro,
boa alimentação.
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