Malu - Edição 891 (2019-08-05)

(Antfer) #1

Entrevista EntrEvista André Romano e Elaine Cruz/Colaboradores


Fotos: Raquel Cunha/Globo e Lucio Luna

Alice Wegmann


A atriz comenta as atitudes da controversa vilã Dalila em Órfãos da Terra


audiência, você faz de tudo para
ela crescer. Não é porque ela
começou boa que irá terminar
boa. Se ela começou com uma
audiência não tão boa, temos o
desafio de fazer crescer. Então
é tudo muito relativo.”

Apesar da vilania e dos
momentos de fraqueza,
a Dalila é uma mulher
empoderada?
“O empoderamento está na fra-
gilidade também, em você se
reconhecer frágil. Eu acho bo-
nito esse milésimo de segundo
em que ela se reconhece frágil,
e depois ela se refaz, digamos
assim.”

Assim como a
personagem, você sabe
reconhecer as suas
próprias fragilidades?
“Tenho muitas e tenho me cul-
pado cada vez menos por isso.
Acho que antes eu queria me
provar cada vez mais, ser cada
vez mais forte. Hoje em dia, eu
penso que tudo bem chegar em
casa e querer ficar um pouco

Sua interpretação em
Órfãos da Terra está
sendo muito elogiada.
Você acredita que essa
trama está colocando
você em um patamar
superior como atriz?
“Eu acho que foi uma grande
oportunidade. Estamos em um
momento da dramaturgia no
Brasil em que conseguimos ex-
plorar muita coisa, essa nove-
la abre espaço para isso e tem
muitos frutos nascendo por aí. É
engraçado porque eu acho que
é um momento do país em que
está tudo tão conturbado e a arte
nasce a partir disso também. Tem
um brilho diferente nos traba-
lhos. A história e a personagem
são muito potentes. Eu me sinto
cada vez mais envolvida com o
meio artístico, a interpretação,
a atuação, com o fato de querer
contar histórias sobre pessoas.
Isso tem me interessado cada
vez mais e me aventurar nisso
está sendo muito emocionante.”


Antes da novela, você
já tinha interesse nesse
tema de refugiados?
Você já buscava
informações sobre o
assunto?
“Claro, com certeza! Foi uma
coisa que sempre me tocou
e quando eu soube que iam
fazer uma novela sobre isso, eu
fiquei muito mexida e impac-
tada. Quando me chamaram
para fazer parte foi ainda mais
especial.”

Órfãos da Terra gerou
muita comoção no
público logo nos
primeiros capítulos.
Você acredita que é
responsabilidade dos
atores manter esse
nível de aprovação no
decorrer da trama?
“Eu acho que a responsabili-
dade é sempre muito grande.
Botar e manter uma novela no
ar é muito difícil e um desafio.
Quando você começa uma no-
vela e ela não vai muito bem de

A Dona do Pedaço


Chan Suan


Como surgiu o convite para
A Dona do Pedaço?
“Eu havia conhecido o produ-
tor de elenco coincidentemen-
te em um dos meus primeiros
longas, o Made in China, em


  1. Depois de um tempo, o
    reencontrei nos estúdios da
    Globo, conversamos e comen-
    tei que se aparecesse alguma
    oportunidade, eu estava dis-
    ponível. Passado mais algum
    tempo, ele me ligou e eu quase
    caí pra trás!”


Quais as diferenças entre fa-
zer televisão e fazer cinema?
“Cinema é maravilhoso! A

gente dialoga com o que a
imaginação permitir. O tempo
e a sutileza nas falas e ações é
superimportante. Geralmente,
temos alguns meses de prepa-
ração para o personagem. Já na
TV, não há muito tempo para
pausas dramáticas. Mas fazer
televisão é, sem dúvida, algo
muito prazeroso. A trama vai
evoluindo e fica cada vez mais
gostosa de assistir.”

Tem vontade de voltar a
fazer teatro?
“Claro! Mas conforme trabalhei
mais no cinema, acabei me dis-
tanciando do mercado teatral.

O teatro tem nossos corações
pra sempre, é aquele nervoso
indescritível quando a cortina
abre e você sabe que não tem
edição para te salvar. Espero
que pinte uma oportunidade
de voltar aos palcos.”

Você já atuou no cinema
em produções internacio-
nais como O Ornitólogo e
Guerreiras de Sangue, quais
foram os desafios de partici-
par desses longas?
“Foram grandes desafios. Em O
Ornitólogo, tive que enfrentar
o frio do norte de Portugal, que
me deixou batendo os dentes.
Já em Guerreiras de Sangue,
foi um mês inteiro de treinos
intensos de artes marciais. Ape-

sar das dificuldades, eu amei
e faria tudo de novo”

Tem algum personagem que
gostaria de viver?
“Eu sou apaixonada por fil-
mes heroicos e de ação, mas
amo um drama também. Um
outro desafio seria interpretar
uma vilã.”

sozinha, reconhecendo o que
eu posso melhorar e os meus
erros. Eu me culpei muito na
vida. Acho que estou em um
momento mais leve.”

As maldades de Dalila
são motivadas por esses
traumas que ela tem na
vida ou por prazer?
“Eu acho que é uma construção,
não é uma coisa só. Vem da ga-
nância do pai, da responsabili-
dade que o pai passou para ela.
Ela foi criada muito mimada e
foi projetada para ser o que ela é.
Guardou muita mágoa, rancor,
tem essa obsessão pelo Jamil
(Renato Góes). Foram muitos
sentimentos que conduziram
ela para isso.”

A Dalila pode despertar
a empatia do público ao
longo da novela?
“Como ela tem os momen-
tos de fragilidade, eu acho
que as pessoas podem falar
às vezes aquele ‘ah...’, porque
realmente é muito complexo,
tem muita coisa.”
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