Por um momento, Eva ponderou se devia contar-lhe.
- Um menino da creche desenhou um homem sendo assassinado por outro. E
hoje... – Olhou para a psicóloga. - Sim?
- Aconteceu que, hoje de manhã, o tio se suicidou.
Henriette sorriu e juntou as mãos. - E por isso você pensou nos filhos da princesa consorte? – perguntou.
- Esse menino é filho da dama de companhia da princesa consorte.
Um segundo de silêncio. Por que a psicóloga a olhava com aquela cara de
preocupação? - E o que você acha disso?
- Não acho nada – retrucou Eva, com certa aspereza. – Só me pareceu curioso,
nada mais. - Por que curioso?
- Bem, ora essa, que ele tivesse feito o desenho e no dia seguinte achassem o tio
morto... – Pegou a bolsa no chão, abriu-a e tirou o desenho. – Está aqui. - Você levou para casa?
- Não, ele botou na minha bolsa – apressou-se Eva a responder, como que se
justificando.
Henriette a encarou e disse: - Agora, conte-me como você se sente depois de ter recomeçado.
Eva olhou para o desenho. Sentia-se rejeitada. Henriette Møller sempre mudava
de rumo quando achava que Eva não ia bem. - Não sei. O assunto do Malte ocupou boa parte da minha atenção.
- Malte?
- O menino que fez o desenho.
- Quando os serviços sociais quiseram obrigar você a voltar a trabalhar – disse
Henriette, continuando a encarar Eva antes de prosseguir –, eles lhe deram várias