Chefatura de Polícia de Copenhague – 15h55
Marcus desligou o motor. A partir daquele momento, só teria que esperar. Tudo
estaria encaminhado, disse a si mesmo. Eles se mostrariam compreensivos com sua
solicitação. O diretor-geral da polícia de Copenhague era um homem que colocava
a calma e a segurança acima de tudo; tinha sido justamente o que esse policial
irradiava da última vez que os dois se viram. Quanto tempo fazia isso? Sete anos?
Um pouco menos? Marcus não lembrava. Por outro lado, lembrava que tinha sido
num hotel de Bagdá, num saguão com sofás de veludo vermelho. Um oficial
britânico se comportava como idiota. Não se entendia o que diziam os outros.
Marcus recordava o que tinha pensado à época: que aquele era um homem em
quem se podia confiar, um homem que compreendia que o caos e a instabilidade
eram a fonte de todos os males. Será que tinha sido por causa desse carisma que ele
passou tão facilmente de responsável por adestramento de policiais no Iraque a
diretor-geral da polícia de Copenhague? Hartvig era a personificação do agente da
ordem. Se alguém o acordasse no meio da noite, a primeira coisa que Hartvig diria
ao abrir os olhos seria “Fique calmo”.
E foi o que fez Marcus, acalmar-se. Pensou no... amor. Por que pensava,
justamente naquele momento, no amor? Provavelmente, ele o fazia porque era
primavera. Com os sons do Parque Tivoli ao fundo, checou no celular as notícias,
para ver se alguém tinha escrito sobre Brix. Nada. Entretanto, uma biscate
esquerdista tinha escrito um artigo que defendia a abolição da Casa Real. Marcus