alunos da Herlufsholm, com antigas fotos de turma, e ali, sentada na primeira
fileira, com as pernas descuidadamente cruzadas e o cabelo ligeiramente inclinado,
estava Helena Brix Lehfeldt.
“Está igualzinha”, foi a primeira coisa que ocorreu a Eva.
Os anos não lhe tinham afetado o rosto. Eva deu uma olhada nas demais fotos,
mas, à primeira vista, não havia irmão nenhum. Será que ele não tinha frequentado
a Herlufsholm?
- Posso perguntar uma coisa?
Passaram-se alguns segundos até Eva compreender que a pergunta se dirigia a ela.
O casal estava bem às suas costas. - É você quem mora no número 12?
- Sou.
- Moramos no 19, quase em frente. Só queríamos cumprimentá-la. – O marido
estendeu a mão para Eva. – Tom. - Eva.
- Eu sou a Lone – disse a mulher, que se limitou a cumprimentar com um aceno
de cabeça, pois estava com as mãos tomadas por romances policiais. - Bem-vinda a Hareskoven – disse Tom. – Você vai ver: vai gostar de morar aqui.
Acompanhamos a mudança pela janela da cozinha. Como você carregou coisas!
Ele riu. - É verdade, sim – respondeu Eva. – Eu tinha muita coisa para trazer. – Tornou a
olhar para o relógio de parede. O casal talvez tivesse notado sua impaciência; fosse
como fosse, os dois se despediram. Já se dispunham a ir embora quando Tom, de
repente, pareceu mudar de ideia. - Tinha mesmo muita coisa – ele disse.
- Pois é. – Eva se voltou mais uma vez.
- Não é que eu queira me meter onde não sou chamado, mas, pelas normas da
associação de proprietários, a calçada precisa ficar desobstruída. Ainda há um