A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

fazer – disse Anna. – Quero dizer, no Politiken...



  • No Berlingske.

  • Ah, sim, é verdade, no Berlingske – corrigiu-se Anna. – Também gostaria de
    falar disso com você. Não sei o que a Kamilla lhe contou. – A subdiretora limpou a
    garganta.

  • Veja bem – disse Eva –, não tenho nada a ver com aquilo. De mais a mais, não é
    o tipo de coisa que os jornais costumem publicar.

  • Ou seja, ela falou com você.

  • Não sei disso. Estou aqui para ajudar na cozinha e reingressar no mercado de
    trabalho, OK? Os conflitos de vocês não têm nada a ver comigo.
    Anna olhou para ela. Cruzou os braços por um instante, mas se arrependeu disso
    e deixou-os cair.

  • Muito bem, então. Mas você precisa entender que, numa instituição como esta,
    tudo é questão de seguir a rotina. Existe um roteiro que seguimos de cabo a rabo,
    religiosamente, e que, com bem poucas exceções, todas elas programadas, é o
    mesmo todo santo dia. Por isso chegamos no horário, porque assim os pequenos se
    sentem seguros, porque é assim que a instituição funciona melhor. Afinal, você não
    é a única desempregada em busca de reinserção que recebemos. De fato, eu
    costumo ter uma palavrinha com as pessoas no primeiro dia; mas acontece que você
    é jornalista e achei desnecessário. Mas vamos lá: nem todo mundo é feito para
    trabalhar em creche. A gente não pode fazer o que dá na telha, ir e vir conforme
    bate a vontade. E isso vale tanto para nós quanto para os pequenos. Eles também
    têm horários fixos, para dormir, comer, fazer as atividades em grupo. Todos nós
    seguimos de mãos dadas, ligados uns aos outros, juntos nesta comunidade.
    Ouviu-se uma criança chorar, mas longe. O discurso de Anna tinha acabado.

  • É claro – disse Eva. – Prometo que não vai acontecer de novo.

  • Muito bem, Eva – disse a subdiretora, e assentiu com a cabeça. – Conto com
    você, então.

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