dias que você está aqui, Eva? Dois? Três? E, de repente, o chefe vem e, sem nem
uma mísera prova, a acusa de ter afanado algo. Não é exatamente um ambiente em
que a gente possa trabalhar à vontade.
- Mas ela era a única que estava lá em cima – disse Helena.
- E daí? Pode ser que também houvesse crianças no andar de cima. Torben, você
se lembra – disse Kamilla, e sua voz, cheia de indignação, subiu de tom ao
prosseguir – do ano passado, quando o Jonas sumiu de repente e o achamos
debaixo do sofá da sala dos funcionários, onde as crianças não deviam entrar? Não! - acrescentou, e fez uma coisa que surpreendeu a todos os outros, talvez até a si
mesma. Bateu com o pé direito no chão, não uma batida forte, uma batida mais
para discreta, suave, que no entanto teve o efeito desejado – foi como se pusesse
ponto-final à situação, uma espécie de limite que deteve a loucura, uma risca na
areia que ninguém deveria sequer tentar cruzar.
Torben se limitou a assentir com a cabeça e olhou tentativamente para Helena,
como se pedindo a compreensão dela para o repentino recuo. Mas Helena olhava
para Eva. Esta, mesmo quando não olhava para Helena, sentia aquele olhar. - OK – disse Torben por fim. – Tenho que subir e ligar para o hospital para ter
notícias da Esther. Helena, acho que deveríamos... – Voltou-se e olhou para a dama
de companhia. – Acho que deveríamos dar um pouco mais de tempo e ver se o
celular aparece. Se não aparecer, vamos ter que seguir o procedimento padrão em
caso de furto. Ou seja, denunciar à polícia e... Bem, você sabe, todo o resto.
Helena não disse nada. De novo, aquele olhar cravado em Eva. E, de novo, Eva o
sentiu como um formigamento na pele. Depois a dama de companhia saiu da sala
de aula.
Eva fechou com cuidado a porta do banheiro dos funcionários e pegou o próprio
celular. Sabia quem podia ajudá-la com o iPhone bloqueado da dama de