A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

Eva tornou a sentir um medo que a subjugou. Não conseguia pensar; a única coisa
que queria era gritar com todas as suas forças. “Não, agora não. Use a cabeça. Você
está de faca na mão. Está mais preparada que antes.” Ouviu que cochichavam.



  • A gente precisa ir embora.

  • Ela continua aqui na casa.

  • É arriscado demais.

  • Só um minuto.
    Eva ouviu os passos deles. Por que tinham voltado? Tinham esquecido alguma
    coisa? Os passos se aproximavam.

  • Eu chamei a polícia! – gritou Eva de repente. – Estou na cozinha e, agora, estou
    armada! Posso até morrer, mas vou levar um de vocês comigo. Eu juro: pego um ou
    outro. Ouviram, desgraçados?! A polícia vem vindo.
    A sala estava em silêncio. É, talvez tivesse ouvido passos; não tinha tanta certeza.
    Ficou imóvel durante o que lhe pareceu muito tempo, colada à parede da cozinha,
    segurando a faca com força. Tinha medo de se mexer. Talvez já tivessem ido
    embora; não tinha certeza. Por que teriam voltado? Quem eram esses homens? Eva
    ponderou o que era possível fazer. Podia ficar na casa ou tentar chegar à porta da
    frente. A segunda opção a denunciaria. Então só lhe restava uma possibilidade:
    subir correndo a escada até o andar de cima, enfiar-se no quarto e trancar a porta à
    chave. E depois o quê? Eles conseguiriam abri-la sem dificuldade nenhuma, de um
    só pontapé. Mas... a janela do quarto estava aberta. Podia correr até lá e pular para
    fora. O que havia lá embaixo? Grama, talvez alguns arbustos. Era o que ia fazer.
    Planejou a rota: ir com um ou dois pulos até a escada, subir, abrir a porta sem nem
    olhar para trás e saltar da janela. Uma vez fora, poderia pedir ajuda aos gritos.
    Tomou fôlego e, então, surpreendeu-se consigo mesma. Simplesmente fez o que
    tinha planejado. Nem sequer teve medo quando enfim colocou um pé adiante do
    outro. Deu um grito de guerra quando pisou no primeiro degrau, subiu a escada em
    dois passos largos, bateu a porta atrás de si e ficou parada, com os dois pés no

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