A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

exigido isso e, de resto, queria participação no furo ou coisa assim. Um furo. Então,
alguma coisa havia. Não era só que Eva estivesse padecendo de psicose aguda.
Maldita psicóloga! Eva pretendia não voltar nunca mais ao consultório. Ufa! Os
pensamentos iam e vinham. Por que Rico não chegava logo?



  • Posso sentar aqui um pouco?
    Olhou para o rapaz. Tinha pele muito branca e cabelo muito preto, como um
    vampiro.
    Eva se levantou, pendurou o casaco no ombro e foi para a saída. Não aguentava
    ficar ali. Alguém riu às suas costas.
    Tão logo saiu, pegou o celular e ligou para o Ekstra Bladet. Perguntou por Rico,
    mas ele não estava, explicou uma secretária de redação.

  • E onde você disse que ele mora? – pergunta Eva.

  • Não posso dizer – foi a resposta.

  • Vamos lá. Sou amiga de muito tempo. Eu trabalho no Berlingske. Eva Katz.
    Pode procurar no Google.

  • Lamento, Eva.

  • OK, obrigada – disse, e desligou.
    Depois ficou na dúvida se não tinha desistido fácil demais. “Não”, pensou. Devia
    haver outro jeito de encontrar Rico. Atravessou a rua, afastando-se do bar.
    Continuava sentindo o olhar, triste e faminto, do vampiro. Procurou na internet
    móvel, embora o celular estivesse quase sem bateria. O endereço de Rico não
    aparecia no guia. Buscou o perfil dele no Facebook, mas lá tampouco constava o
    endereço. Deu um passo para o lado quando uma grade do metrô soltou um pouco
    de vapor. Talvez tivesse sido o metrô que, de repente, a fez pensar em Nova York e,
    depois, em Tim. Tim, que era meio americano e também tinha feito faculdade de
    jornalismo, um dos poucos a quem Rico respeitava de verdade. Será que ainda
    mantinham contato? Foi fácil achar Tim na internet, associado a dois números de
    telefone. Eva ligou para o primeiro e esperou.

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