Eva olhou para ambos os interlocutores.
- Você tem que seguir por ali e depois virar à esquerda – explicou-lhe Mie em voz
baixa. – Lá, vai ver o escritório da Anna. É a subdiretora. Ela vai ajudar você a se
instalar. Está bem assim? - Está. Obrigada.
Eva abriu a porta e foi por um corredor estreito, de pé-direito alto. O piso de
linóleo deu lugar a um reluzente assoalho de madeira. O cheiro doce e enjoativo foi
substituído pelo odor seco de fotocopiadora, impressoras e material de escritório,
mais parecido com aquilo a que Eva estava acostumada. Virou à esquerda. A porta
estava entreaberta. Alguém digitava. Pela fresta, Eva viu uma mulher de meia-idade
sentada de perfil, escrevendo ao computador. A mulher não olhou para a porta
quando Eva bateu. - Só dois segundos e já falo com você. – Ajustou os óculos e releu rapidamente o
que tinha acabado de escrever. – Agora, enviar... – resmungou, antes de olhar para
Eva. – Você é a Eva? - Sou. – Sorriu.
A mulher se levantou. Era mais corpulenta do que Eva esperava. - Anna Lorentzen, subdiretora – apresentou-se, e empurrou os óculos para a
ponta do nariz. - Eva Katz.
- Bem-vinda ao Pomar das Macieiras, Eva Katz. Infelizmente, nosso querido
líder, como dizem lá na Coreia do Norte, está fazendo um curso hoje. Mas ficamos
felizes de ter você conosco. E, acredite, há uns tantos diabinhos esperando nas salas
para lhe dizerem oi. - Parece bom – disse Eva.
- Você veio do centro de Copenhague?
- De Hareskoven.
- Está parada já faz um tempo, não?