A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1

  • Não percebo o quê?

  • Que você está falando de celulares e desenhos de criança. – Antes de continuar,
    Juncker olhou para o outro agente, como se estivesse se perguntando se aquilo não
    era mais do que aqueles jovens ouvidos aguentariam ouvir. – Sabe o que eu acho?

  • Sei. Que foram os motoqueiros.

  • Agora de manhã, andei lendo um pouco o seu histórico. – Afastou uma cadeira
    alguns centímetros da mesa. Arrependeu-se e continuou em pé. – O seu marido... –
    Voltou a empacar.

  • O meu marido morreu. Sim, o meu noivo. Isso não tem nada a ver com nada.

  • Eu acho que tem.

  • O negócio é Brix e a irmã, a dama de companhia. – Eva tinha levantado a voz.

  • É. No seu mundo, Eva, é o que parece. Mas só no seu mundo. Andei lendo sua
    ficha clínica.
    Eva se levantou. Tinha vontade de gritar. Antes que ela chegasse a tanto, Juncker
    retomou o discurso, com altiva confiança em si mesmo:

  • Mas vamos nos deter um pouco mais no Rico. Você disse que se encontrou com
    ele. Onde?
    Eva vacilou.

  • No Bo-Bi.

  • Que impressão ele deu? Parecia assustado? Acha que estavam atrás dele? Ou
    estava empolgado com alguma coisa? Você teve a sensação de que alguém o estava
    seguindo?

  • Não acho que estivessem.

  • Ele contou alguma coisa? Mencionou alguém que...?

  • Tem a ver com o celular.
    Eva se deu conta de que tinha outra vez levantado a voz quando o outro policial
    disse:

  • Calma aí – e pareceu querer algemá-la naquela mesma hora.

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