- Me solte, desgraçado! – gritou Eva, e se voltou.
Olhou a mão que a segurava pelo calcanhar. Viu o pequeno curativo ali onde o
tinha mordido. Ergueu o pé e o sentou com todas as forças na cara do homem. Ela o
atingiu em algum lugar. Fosse como fosse, o homem encolheu o braço e soltou Eva.
Ela tornou a ficar de pé e correu sem saber para onde. Subiu uma escada. Talvez
estivesse numa das duas torres. Outra porta, que Eva abriu com dificuldade. “Onde
é que eu estou?!” No forro. No alto da catedral. Uma luz fraca entrava pelas
janelinhas. Piso de madeira clara sem encerar. Vigas que se cruzavam no teto. O
homem ainda a estaria perseguindo? Eva não tinha tempo de parar e descobrir.
Precisava seguir em frente. Deparou com outra porta. Estava aberta; dava em outro
cômodo, dessa vez um forro gigantesco, uma teia labiríntica de passarelas. Uma
escada levava ao telhado, ao remate pontiagudo da torre. Continuou pela passarela,
acima das abóbadas da catedral. “Acima do céu”, pensou. Um corredor estreito se
estendia ao longo de uma cerca de alambrado que tinha a altura de um homem; do
outro lado, havia pombos. Estes olharam, curiosos, quando Eva passou correndo.
Então ela ouviu – passos. Quase sem aviso, o homem se plantou diante de Eva, mas
do outro lado da cerca. Eva parou e olhou para trás. Qual direção deveria tomar? - Espere um pouco – ele disse.
Eva sentiu náuseas, sabia que as pernas falhariam se aquele homem se
aproximasse. Mas estavam separados pela cerca. Os olhos de Eva examinaram
furiosamente essa cerca que os separava, instalada para impedir que os pombos
passassem. Junto a ela, duas barras de madeira se estendiam horizontalmente a um
metro de altura. O alambrado estava pregado a elas. Havia um buraco, talvez
suficiente para passar um braço, mas não o corpo todo. O homem não tinha como
alcançar Eva. A questão era para onde ir. - Eva... – O homem hesitou. Olhou para ela. – Que bom seria se eu pudesse
deixar você para lá! Isto não tem nada a ver com você. - Você...
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
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