Eva gritou. Ele a puxou para si, e só os separavam as duas barras e o alambrado. O
homem tentava agarrá-la pelo pescoço com a outra mão.
- É, vamos esquecer!... – gritou Eva.
Ela o olhou nos olhos; estes a haviam enganado, o homem nunca tinha tido
intenção de deixá-la escapar. Deu um grito ao mesmo tempo que batia na cara dele
com as costas da mão; afastou o braço, rasgou a pele no alambrado e caiu para trás
quando ele a soltou. O homem não perdeu nem um segundo. Começou a dar
pontapés no alambrado, que aos pouquinhos ia cedendo. “De pé, Eva!” Precisava
seguir em frente. Ouviu os pontapés, agressivos e ritmados, contra a cerca. Ele logo
conseguiria atravessar. Por que Eva estava tão sem ar? Respirava como um paciente
com doença pulmonar terminal. Por um instante, teve vontade de desistir, deitar
no chão e esperar a morte. Já o homem nunca desistiria. Ali! Uma porta... daria em
outro forro? Talvez num cômodo de onde pudesse descer, ou num lugar onde se
esconder. O trinco obedeceu de imediato. E...
Ar fresco no rosto. O sol, que a cegou. Uma vista para toda a cidade de Roskilde.
Uma saída para o telhado. Uma escada vertical. Havia talvez uns vinte metros até o
telhado de baixo. Será que ela deveria...?
O homem já tinha derrubado a cerca. Os ouvidos de Eva confirmavam isso.
Aço frio contra as mãos. Eva estava no telhado. A escada ficava presa à parede
externa por alguns rebites grandes e enferrujados. Ventava muito. Eva se
concentrou em não olhar para baixo, em não pensar nas consequências se o pé
escorregasse e ela caísse.
“Continue”, sussurrou uma voz interior. “Um passo de cada vez.” Eva precisou
saltar o último metro para o telhado inclinado de baixo. Ali havia outra escada,
uma espécie de passarela, onde pôde agarrar-se a poucos metros de uma abertura no
telhado, não muito diferente daquela pela qual tinha acabado de sair. Agora ouvia
os passos do homem na escada. Estava descendo para encurralá-la. Se a nova porta
estivesse trancada, seria o fim de Eva. Não teria por onde escapar. Empurrou a