uma diretiva de 2009 da União Europeia. Não conseguiu ver do que tratava a tal
diretiva e, quando clicou no arquivo, este não quis abrir. Também encontrou Brix
em alguns outros sites. Citado num relatório em que, pelo visto, Brix argumentava
contra uma proposta do comissário estoniano Siim Kallas sobre um subsequente
afrouxamento nas diretrizes da União Europeia. Mais uma vez, o tal Systems
Group. Um lobby. Eva fechou os olhos. A União Europeia nunca lhe interessara.
Não tinha saco para ler sobre ela; a simples menção de “Bruxelas” já desviava sua
atenção, fazendo-a sair dos trilhos. Com os olhos fechados, brincou com essa ideia
de descarrilamento – a dinamite debaixo dos dormentes, a explosão e o trem que
tombava e depois ia barranco abaixo. Assim eram Bruxelas e a União Europeia:
dinamite debaixo da capacidade de concentração de Eva.
- Pois muito bem. O que mais temos, Eva? – resmungou, pelo visto não em voz
baixa o bastante, porque um dos outros usuários a olhou contrariado.
Juntou mentalmente as escassas informações concretas de que dispunha: Brix;
um SMS enviado depois do suposto suicídio, coisa que Eva não tinha como provar.
Do que mais dispunha? Ah, sim! O quadro desaparecido. Como se chamava o
retratado? Matternik? Digitou isso, e o Google a corrigiu: “Metternich, príncipe
austríaco”. Que diabos tinha ele a ver com aquilo tudo? Lembrou-se do historiador
da arte, Weyland. Eva tinha prometido mais detalhes do quadro para ele. Talvez
Weyland já tivesse deixado mensagem. Eva tinha se esquecido de carregar o celular,
e já fazia tempo que estava sem bateria. Tornou a ler sobre Metternich. O típico
aristocrata: nariz proeminente, olhar alerta e inteligente, de alguém que tinha visto
e entendido quase tudo e que acumulava no sorriso discreto seu superávit de
sabedoria. Olhou as páginas sobre a Santa Aliança. O czar Alexandre I tinha se
inspirado numa dama da nobreza, uma beldade, Barbara von Krüdener, para
estabelecer uma aliança entre as monarquias. Uma aliança que lutaria contra a
democracia e a sociedade laica. Eva contemplou o retrato que encontrou de Barbara
- uma Afrodite, muito especial, com um vestido branco que tentava cobrir o corpo